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Marcelinho pede organização no feminino: "Não vou investir na mulher por que não vale R$ 30 mi?"

UOL Esporte

24/07/2017 23h30

Reprodução/SporTV

Um dos maiores ídolos da história do Corinthians, Marcelinho Carioca reforçou a cobrança por mais apoio dos grandes clubes brasileiros ao futebol feminino. O ex-atleta participou do programa Bem, Amigos, do Sportv, na noite desta segunda-feira.

"Não adianta falar que vai disputar uma Olimpíada, uma Copa do Mundo, e aí vamos recrutar as meninas para poder treinar. A Alemanha foi campeã (olímpica) porque na base não tem um técnico de futebol, são educadores físicos. É extensão da família, educação de base, e isso nós não temos muito. Eu não vou investir na mulher por que não vai valer R$ 30 milhões? Dez milhões? Doze milhões?", questionou.

O programa também contou com a participação da argentina Sole Jaimes, artilheira do Brasileirão feminino com 18 gols marcados em 20 partidas. A atacante do Santos surpreendeu os presentes ao tratar o Brasil superior à Argentina na estrutura dedicada às mulheres.

"Nós estamos longe do Brasil. O Brasil é o melhor do futebol feminino na América do Sul, mas ainda falta muito. As meninas têm que trabalhar para pagar os estudos, ou pagar a gasolina do carro. Hoje estou em um time que dá tudo, as meninas têm o alojamento, um lugar onde comem, bolsa de faculdade. Com isso, você não tem que estar preocupada com trabalhar para estudar. Na Argentina nada disso existe", destacou.

Marcelinho aproveitou o gancho da jogadora para cobrar mais investimento até mesmo do Corinthians, que já contribui com o futebol feminino através da parceria com o Audax e foi vice-campeão brasileiro em 2017.

"O menino e a menina saem desesperados para jogar na Suécia ou na Alemanha, mas ela [Sole] saiu da Argentina e veio para valorizar o nosso futebol, valorizar o Santos, que está de parabéns com uma estrutura maravilhosa. Por que o São Paulo não pode fazer? Por que o Corinthians não pode fazer? Ou o Inter? Por que o Grêmio não pode fazer?", disse o ex-meia.

Reprodução/SporTV

"Lugar de criança é na escola. Quando nasce um menino, é sempre o papo de 'vamos fazer esse menino ser o salvador da pátria, jogador de futebol'. Não! Lugar de criança é na escola. É o que é feito nos Estados Unidos: esporte como um meio de inclusão social", elaborou Marcelinho.

Sole Jaimes aproveitou para esclarecer que a estrutura fornecida pelo Santos não esteve presente nos outros clubes brasileiros pelos quais passou. "É difícil, porque ja estive no time do Foz do Iguaçu e eu não recebi. No São Paulo, o time só usava a camisa do São Paulo. Tivemos um patrocínio e ficamos 7 meses sem receber. Moramos em lugar privado em Barueri, e só ficamos porque o dono do lugar gostava do feminino e nos deixou ficar", afirmou, antes de revelar que poderia atuar pela seleção brasileira, se assim quisesse.

"Eu não joguei um mundial pela Argentina. Se não joguei mundial, teoricamente eu posso jogar pela seleção brasileira. Mas não penso, não", respondeu. "Mas pensa! A gente pode te convencer", brincou Caio Ribeiro.

O comentarista também opinou sobre o tema. "Tem também a questão do lastro físico. Não é só tratar o esporte como alto rendimento, esse é o topo da pirâmide. Existe o esporte como educação. O esporte tem que passar pelas universidades, pelas escolas, com o preparo para que um dia sejam atletas", disse Caio, em sintonia com Muricy Ramalho. "O Santos foi campeão brasileiro pela estrutura, então isso faz muita diferença. Estão arrecadando bem os times grandes brasileiros, né? Deveriam investir no futebol feminino", disse o ex-treinador.

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