Topo

Lutadora na novela, Paolla Oliveira "comemora" roxos e arranhões para vencer tabus

UOL Esporte

12/06/2017 04h00

Por Guilherme Dorini
Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

Paolla Oliveira é, sem dúvida, um sucesso na teledramaturgia brasileira. Além de ser dona de um talento extraordinário – seja em cima dos palcos ou na televisão –, a atriz também costuma chamar atenção por sua beleza estonteante. Apesar de ser considerada uma das mulheres mais bonitas do Brasil, desta vez, sua aparência é coadjuvante. Vivendo uma das protagonistas da novela das nove, a atriz interpreta uma policial e lutadora de MMA, papel que faz questão de levantar a discussão dos direitos iguais para as mulheres na sociedade atual.

Em "A Força do Querer", da Rede Globo, Paolla vive na pele de Jeiza Rocha, uma policial linha dura, que trabalha no Batalhão de Ações com Cães e sonha em se tornar uma lutadora profissional de artes marciais mistas. Na novela, ela tem um relacionamento amoroso tumultuado com Zeca (Marco Pigossi), e gosta de deixar bem claro quem é que manda na relação.

Na última semana, a Rede Globo aproveitou a estrutura do UFC 212, montada no Rio de Janeiro, para gravar mais algumas cenas da novela, e o UOL Esporte teve a oportunidade de conversar com Paolla Oliveira sobre o momento que vive na carreira. A atriz festejou o sucesso da personagem, falou sobre a importância da quebra de paradigmas, de servir de inspiração para mulheres e até sobre sua relação com o MMA – desde seu treinamento até sua relação com esporte.

Estevam Avellar/Globo

UOL ESPORTE: Como recebeu essa personagem? Uma mulher que, além da beleza e sensualidade, tem como virtude a garra e atitude para alcançar tudo que quer na vida…

PAOLLA OLIVEIRA: Quando peguei a personagem, não sabia como seria, como seria sua personalidade… Nada. Sabia apenas que seria uma lutadora e quem também seria policial. Logo pensei: 'como vou fazer isso?' A primeira coisa que me veio na cabeça foram os estereótipos que as pessoas rapidamente colocam, tanto nos personagens quanto nas pessoas. 'Tem que ser assim, tem que ser assado, tem que se vestir assim…' Quando pensei na personagem, a primeira coisa foi: 'essa mulher existe?' E sim, ela existe! As pessoas estão amarradonas, felizes com o papel… Seja pelo fato de trazer a realidade do policial militar, ou da luta, do esporte diferente. A Jeiza existe na vida real, com o esporte ou profissão que ela escolheu. E eu parti desse princípio. Agora com tudo isso de feminismo, igualdade… A melhor coisa é você poder ser o que você é, sem ter problema. Acho que a Jeiza é isso, ela é o que ela quiser. O poder dela está aí.

Você disse que ficou feliz em descobrir que existem Jeizas na vida real. Mas o que é mais importante: descobrir que elas existem ou que o papel sirva de inspiração para aquelas que ainda não existem?

Acho que é uma via de mão dupla. Legal é saber que existe, que não é fictícia. E que, apesar de se formar na ficção, se agradar quem está assistindo, se achar isso bom o possível, se despertar alguma coisa, que existam mais Jeizas. Seja na profissão que elas têm, no esporte que têm como hobby, com o namorado – já que ela possui uma relação diferente também, onde impõe muito a opinião dela. É legal descobrir que já existem mulheres assim para que minha personagem seja bem quista, aceita e possível. Mas também é bom que as pessoas se inspirem e sejam mais Jeizas. Criaram até uma coisa legal na internet: 'me chama de Jeiza', virou um meme, uma coisa boa. Como se dissessem: 'me chama dessa mulher possível e positiva, cheia de opinião'.

Estevam Avellar/Globo

Qual a principal mensagem que esse trabalho deixa?

Acredito que a arte tenha que entreter, mas é muito legal quando também passa uma mensagem boa, uma mensagem de que você pode mais, de que você talvez possa rever os seus valores e conceitos, que levante a bola de algum tema mais polêmico… Acho que essa personagem faz isso muito bem. Ela levanta uma bola que é muito realista, um assunto até polêmico, que é essa questão feminina. E acho que passa uma boa mensagem.

Além disso, como é inspirar mulheres na parte esportiva? Apesar da evolução recente, a mudança de postura de Dana White e o boom da Ronda Rousey, o MMA feminino ainda tem muito para crescer…

Uma maravilha (ajudar também na parte esportiva). Acho que quando o Dana White falou, ele não sabia que seria tão grande… E ainda hoje, quando se fala em um personagem sobre isso, ainda tem um olhar torto. Então é legal que venha (essa história da novela), que quebre paradigmas e que mostre que realmente todos podem tudo.

Se pudesse mandar uma mensagem para as mulheres que têm vontade, mas ainda estão receosas para entrar nesse meio…

Acho que as mulheres podem tudo. É legal a gente olhar para uma coisa, olhar para trás e ver o que já se conquistou. Isso gera satisfação, isso gera uma direção certa, caminhar para frente. Então, olhar para trás, lembrar que mulheres nunca iam chegar neste lugar e ver que elas chegaram… A frente se abre, você vê luz. O que não se podia, agora se pode e a gente pode cada vez mais.

Estevam Avellar/Globo

Você treinou muito para viver a Jeiza. Como foi essa parte de preparação?

Treinei muito com a Erica Paes, faixa-preta de jiu-jítsu… Quando eu soube, poderia até ter feito fake (simulação), acho que a arte te permite isso, ainda mais na novela, que é uma coisa muito agitada… Mas acho legal essa coisa de passar o mínimo de realidade. Acho que muda nosso corpo, nossa mente, nossa concepção diante do esporte, da profissão. Então, fiz questão de passar por tudo isso. Como é MMA, não fiz só jiu-jítsu, fiz muay-thai e uma parte de preparação física também muito forte, para ganhar agilidade.

Treinando jiu-jítsu, é inevitável que você ganhe alguns hematomas, arranhões… Como a família recebeu essas marcas dos treinamentos?

Estou com um arranhão no queixo, uma mancha roxa aqui (fala procurando as marcas pelo corpo). Eles ficam um pouco preocupados (risos). 'Nossa, mas é essa realidade toda?', dizem. Mas acontece, a gente faz isso na vida, né? Tem aquela hora que vou tentar virar na cama a noite, não consigo e lembro: 'ai o jiu-jítsu' (risos). Mas um roxinho para lá, um arranhadinho para cá, para um trabalho que está sendo tão bem aceito, acho que vale a pena.

E como é sua relação com o MMA profissional? Acompanha lutas? Gosta de assistir?

"Acompanho tudo, quando vejo, estou de casa já vibrando. Fico assistindo de casa e gritando: fecha o golpe nele, faz o triângulo, pega o braço dele. Passei de uma simples fã para uma pessoa que entende mais um pouco, que sabe de técnica.

Estevam Avellar/Globo

Mas já gostava antes da novela? Ou essa paixão veio junto com a personagem?

Eu já gostava, mas, confesso, achava que era uma coisa mais instintiva, que era só entrar lá e fazer acontecer. Mas hoje tenho total noção de que não funciona assim. Não é aquele famoso vale tudo. É bom saber que existe uma técnica, é legal ver essas diferenças para o esporte.

Para terminar, quem são seus ídolos no MMA? Quem gosta de ver lutando?

Treino na academia do Vitor (Belfort), então tive uma ligação muito grande com ele. Também estive com o José Aldo, que tem esse sangue no olho, tudo aquilo que a gente espera de um lutador. Não posso deixar de falar da Erica… Tudo mundo fala muito da Ronda, mas a Holly Holm, para mim, é muito legal. Além de uma grande lutadora, ela tem uma coisa que acho que é essencial: um grande espírito esportivo. Ela é muito concentrada, precisa, não se preocupa tanto com aquele show. Eu gosto disso, ela eleva o nível e trata o esporte como esporte, de fato.

Sobre o Blog

A TV exibe e debate o esporte. Aqui, o UOL Esporte discute a TV: programas esportivos, transmissões, mesas-redondas, narradores, apresentadores e comentaristas são o assunto.