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Andreoli celebra sintonia com Gentil e relembra quando surpreendeu Galvão

UOL Esporte

27/05/2017 04h00

João Cotta/Globo

Há dois meses apresentando o Esporte Espetacular ao lado de Fernanda Gentil nas manhãs de domingo da Rede Globo, Felipe Andreoli crê que a maneira similar de enxergar o esporte, com leveza e descontração, espontânea, ajude para o bom entrosamento no vídeo com a colega. "Acho que a visão que temos do esporte nos aproxima", definiu ele em entrevista ao UOL Esporte.

"O esporte é sério e deve ser tratado com rigor e precisão na informação que passamos. Mas também é muito próximo do entretenimento, é movido à emoção. A gente chora ou ri dependendo da atuação do nosso time. A cobertura pode ser leve, ter bom humor, porque é isso que o esporte suscita na gente. Acredito que quem apresenta e fala sobre o assunto pode mostrar essa emoção, esse amor pelo negócio, a alegria, a risada, o choro. Eu e Fernanda temos a espontaneidade em comum. Acho que a gente acaba levando isso para o ar", diz.

Irreverente e informal, assim como Fernanda e o ex-apresentador e editor do Globo Esporte paulista, Tiago Leifert, entre outros apresentadores esportivos globais, Andreoli afirma encarar com naturalidade eventuais críticas ao estilo mais irreverente, às brincadeiras no ar: "Qualquer apresentador de televisão, não só do esporte, está exposto a um público muito grande, heterogêneo. Tem quem goste de um estilo mais formal e quem prefira a descontração, a improvisação. Isso é natural, tem que saber lidar com as críticas."

"A busca deve ser pelo equilíbrio entre a descontração e a informação", avalia Andreoli. "O próprio Esporte Espetacular é assim. Temos matérias mais descontraídas, temos o factual, os gols da semana, e reportagens muito sérias sobre pedofilia ou tráfico de jogadores de futebol, por exemplo. Estas exigem uma postura mais formal. Eu, como telespectador, prefiro ver o esporte com descontração, com leveza e bom humor", argumenta.

Sobre a sua relação com esporte e entretenimento, o apresentador do programa dominical contou que não foi por acaso que foi uma espécie de repórter esportivo do Custe o Que Custar (CQC), humorístico do qual fez parte na Band. Teve a ver justamente com o fato de conhecer a editoria, mas, admite, deseja ser mais conhecido em sua fase na Globo pelo seu conhecimento em esporte.

Divulgação/TV Band

"A busca dos sete primeiros integrantes do CQC já foi por editoria, desde o início. Fiz meu teste no último jogo do Campeonato Brasileiro de 2007, entre São Paulo e Botafogo. Fui escolhido para fazer esporte porque eu já era do meio. As pessoas lembram sempre do humor do CQC, mas eu quero que a partir de agora saibam do meu conteúdo esportivo. É o que eu tenho de melhor para oferecer no Esporte Espetacular", declara.

Por sinal, o conhecimento em esporte já valeu até um elogio de Galvão Bueno, quando ambos estiveram juntos, ao vivo, em participação de Andreoli no programa Bem, Amigos!, do SporTV. Ele recorda desse momento com satisfação.

"Uma situação que me marcou muito foi no Bem Amigos!. Durante uma discussão sobre times históricos, o Galvão citou seleções que mereciam ganhar a Copa do Mundo, como a Holanda de 1974, o Brasil em 1982 e a Hungria de 1954. Eu mencionei alguns jogadores daquele time da Hungria, como o Hidegkuti, Czibor, e observei que foi irônico porque eles ganharam de goleada da Alemanha na fase inicial da competição e depois perderam a final. O Galvão se surpreendeu com aquilo, com meu conhecimento de esporte. Eu não era nascido naquela época, mas estudei, o que não é nenhum dever para mim. Pelo contrário, estudar um assunto que eu gosto é só prazer."

Sobre a principal voz do esporte da Globo, Andreoli também guarda com carinho especial quando o encontrou, ainda nos tempos de CQC, durante uma reportagem para o humorístico da Band: "Meu primeiro contato foi quando eu estava no CQC e fui convidado para um evento de lançamento de uma das safras dos vinhos dele. Comentei que um dia gostaria de trabalhar com ele no esporte da Globo. Ele arregalou o olho e me disse que um dia eu chegaria lá. E aconteceu", conta. "Acho o Galvão um monstro narrando, ele é a emoção em pessoa", elogia o narrador.

"Estar na editoria de esporte sempre esteve na minha mira, nos meus projetos. Os anos de CQC foram maravilhosos, inesquecíveis, e usei a minha experiência lá para trabalhar o meu futuro. O CQC quebrava a formalidade que normalmente existe entre repórteres e atletas, o que me deixava mais próximo do entrevistado, porque eu os tratava muito mais como pessoas comuns do que como mitos ou gênios. O principal trunfo da minha carreira é esse relacionamento com atletas construído por essa experiência, com os jogadores de futebol, nadadores, lutadores, tenistas etc. Esse vínculo é importante, não é todo mundo na área que tem. E levo isso ao Esporte Espetacular. Estou no programa que sempre quis trabalhar e não vejo a hora de fazer cada vez mais pelo programa", destaca.

Fala mais, Felipe Andreoli!

João Cotta/TV Globo

Críticas ao politicamente correto no futebol, lembrança de momentos tensos na TV (como uma entrevista com Maldini, ex-defensor do Milan e da seleção italiana) e de passagens pelos programas Encontro com Fátima Bernardes e Extra Ordinários (destacado o striptease gravado, conta, da atriz Maitê Proença) foram outros assuntos abordados por Felipe Andreoli. Confira:

Em qual situação você ficou mais nervoso cobrindo esporte na TV?
"O ao vivo é sempre muito eletrizante e desafiador, tem o diferencial de nos deixar à flor da pele. Lembro de três situações marcantes. Uma foi durante o sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, quando cobri o tapete vermelho. Usei a minha cara de pau para puxar muita gente pelo braço, como um Maldini e, entre as entrevistas que fiz, uma foi em italiano. Nem eu sei como consegui. Estudei italiano na escola e consegui me expressar, entender o que o cara respondia e ainda traduzir tudo. Essa me deixou nervoso, mas fiquei orgulhoso por conseguir me expressar em uma língua que não falava há anos, num momento de pressão. As outras situações aconteceram com caras que eu era muito fã. Fiquei muito nervoso na primeira vez que entrevistei o Guga (tenista brasileiro Gustavo Kuerten), não lembrava nem o que eu tinha que perguntar. E também a primeira vez em que entrevistei o (Roger) Federer (tenista suíço multicampeão), o maior jogador de todos os tempos de tênis, esporte que eu amo. Ele foi muito querido, educado e gentil. O cara é suíço em todas as suas atitudes. Fiz várias brincadeiras que poderiam deixá-lo bravo: falei que ele era freguês do Nadal, mandei ele quebrar uma raquete. Mas depois o agente dele me disse que foi a entrevista que o Federer mais gostou de fazer. Vou levar isso para sempre."

E o que te deixou mais tenso: o antes e durante do programa Extra Ordinários no qual a atriz Maitê Proença pagaria a promessa de ficar nua (fez um striptease), aposta pelo acesso do Botafogo dela à Série A na época, ou instantes depois que você acertou uma bolada, acidentalmente, na apresentadora Fátima Bernardes no Encontro?
"Ah, essa é fácil. Sem dúvida, quando acertei a bolada na Fátima. São nervosismos diferentes, claro. A Maitê levou tudo com super bom humor, dignidade, fez a promessa e cumpriu. E ainda deixou o ano inteiro especial para o Extra Ordinários, porque a gente ficou nessa expectativa. O strip foi gravado, obviamente, para não dar nada errado no ao vivo. E o da Fátima foi justamente o contrário. Fui fazer embaixadinha, a bola escapou e acabou acertando ela. Ainda bem que foi de levinho, senão eu ficaria constrangido de verdade. A Fátima ficou botando pilha, dizendo que precisava colocar gelo, que estava doendo. Ficou leve, no bom humor."

Fale sobre a importância de suas passagens por Encontro com Fátima Bernardes e Extra Ordinários.
"Os dois programas foram muito importantes para mim. Foram a porta de entrada perfeita para a minha chegada ao Grupo Globo, porque eram funções com responsabilidade compartilhada. No Encontro, entrei para fazer matérias, onde pude mostrar minha versatilidade. E foi uma grande responsabilidade substituir a Fátima nas férias e folgas dela, dividindo o palco com a Ana Furtado, com o Tiago Leifert, com o Lair (Rennó). Foi um aprendizado gigantesco apresentar um programa com convidados, atração musical, conversa com a plateia, matérias, vários apresentadores. Trago essa bagagem comigo para o Esporte Espetacular. O Extra Ordinários foi importante para manter a minha veia irreverente, descontraída. Tive um certo receio quando entrei, porque o time formado por monstros sagrados, como Xico Sá, Maitê, Peninha, já existia, mas eles me receberam de braços abertos. Como eles mesmos falavam, eu entendia do assunto e trazia o futebol de volta à roda quando eles falavam de literatura, de cinema ou de qualquer outro assunto que não era esporte. Foi uma honra trabalhar com esses caras, com o Helio de la Peña e com o Beto Silva (ex-Cassetas)."

Quais apresentadores e repórteres esportivos você mais admira e servem de espelho para você?
"São muitos. Desde criança, eu almoçava vendo o Globo EsporteEsporte Total e Show do Esporte (estas últimas, atrações da Band, não mais no ar), todos os programas esportivos disponíveis na TV aberta. Então as minhas referências são muitas. Acho que o maior exemplo é o Léo Batista, ele é uma entidade. Quando cheguei na redação, vê-lo ativo, trabalhando, foi um exemplo sensacional. Uma voz incrível, uma pessoa que a gente vê e parece que é da nossa família. Entre os apresentadores, gosto muito do Pedro Bial, acho um cara natural, fala como se estivesse na sala de casa. Adoro a Glenda e sempre gostei da Débora Meneses, uma ex-apresentadora do Globo Esporte com quem eu tive a oportunidade de trabalhar na TV Cultura. Também não posso deixar de citar a Fátima Bernardes. Sei que ela ama futebol e foi muito marcante a participação dela na Copa de 2002, a presença no ônibus, a maior festa, vi a alegria dos jogadores. Entre os repórteres, sempre fui muito fã do Pedro Bassan, do Marcos Uchôa, que são dois caras geniais, adoro o texto deles. Além do Régis Rösing, que sempre me deixou intrigado por conseguir fazer a passagem bem na hora em que sai o gol. Claro que ele grava 350 vezes até sair o gol, mas o cara que faz isso realmente é genial."

Pós-clássico Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro, você postou no Twitter: "Felipe Melo, futebol sem mimimi. Por mais declarações sinceras e leveza no futebol. Provocou e foi provocado. Sem violência, segue o jogo". O que pensa sobre aquela retribuição de provocação e do jogador, que tem chamado atenção também por suas posturas fora de campo, em redes sociais, entrevistas?
"Minha opinião não foi sobre o Felipe Melo especificamente, mas sobre jogadores como ele, como o Paulo Nunes, Edmundo, Viola, Túlio, Romário, Djalminha e de tantos outros jogadores que falam o que pensam. Isso é muito bom para o futebol, para o esporte, contanto que não estimule a violência. Violência e briga são trabalho para a polícia. Acho que os jogadores têm que falar cada vez mais o que está na cabeça deles. Esses caras promovem os eventos, o futebol, os clássicos, cada partida. Eu sou contra o mimimi, o estritamente politicamente correto. Isso é muito chato no futebol. Daqui a pouco o cara vai pedir desculpas porque fez o gol. Espero que outros jogadores sejam mais irreverentes, mais irônicos, que promovam mais os espetáculos."

 

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