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Ex-comissário, Alex Escobar diz ter vivido drama similar a de voo da Lamia

UOL Esporte

07/12/2016 12h59

Em participação por telefone no Redação SporTV desta quarta-feira (7), o apresentador e narrador da Rede Globo Alex Escobar relatou ter vivido uma experiência similar à ocorrida com o voo que levava a delegação da Chapecoense para Medellín.

Antes de ser jornalista, Escobar trabalhou por quatro anos como comissário de bordo, três deles em uma empresa de fretamentos. E, em uma viagem entre Venezuela e Brasil, viveu momentos de terror devido à falta de combustível devido ao fato do piloto não ter parado para abastecer.

"Trabalhei em uma empresa que já acabou e tinha um avião só, uma situação muito parecida com a da Lamia: era um avião grande, um DC-10, 350 passageiros a capacidade e aconteceu uma coisa muito importante, muito parecida comigo. A gente fez um voo para Isla Margarita, na Venezuela (ilha, situada no mar do Caribe), com passageiros a bordo, avião lotado. Na volta viemos pro Rio só a tripulação e, nessa volta, os comissários não sabiam, mas o nosso comandante, numa intenção de economizar, também não pôs combustível no avião para um voo alternado, que é como a gente chama", contou Escobar.

"Chegando ao Galeão, a gente encontrou um tempo muito ruim, o aeroporto estava fechado. Mesmo assim o comandante tentou pousar o avião por duas vezes, mas teve que subir, não conseguiu. A gente percebeu que havia algo errado, ainda mais quando o comandante que levou o voo para a Venezuela, que estava dormindo, se levantou, olhou pela janela do avião e foi correndo para dentro da cabine".

"E depois saiu de dentro um companheiro nosso, mecânico que viajava com a gente, chorando. A gente perguntou, e ele relatou que havia um problema de combustível, o comandante não tinha colocado combustível para alternar."

"Ele chorava porque havia uma discussão do comandante com a torre da Base Aérea de Santa Cruz, porque ele resolveu levar o avião para lá (na região oeste do Rio), onde o tempo estava melhor. Só que ele não teve o pouso autorizado porque a pista não era homologada para um avião daquele tamanho, enfim, era uma Base Aérea Militar".

"Ele insistiu, levou o avião para lá em Santa Cruz, e havia um pânico, porque havia o risco da pista se quebrar, do avião varar a pista, por ela ser curta demais. Ainda bem que acabou dando certo, ele pousou. Teve um cheiro de queimado terrível, freou muito forte", recordou.

Crédito: Reprodução/Sportv

Crédito: Reprodução/Sportv

Alex Escobar ainda contou detalhes do pós-aterrissagem e das consequências à decisão irresponsável do comandante da aeronave.

"Nesse caso, ao abrir a porta do avião, entrou um oficial da Aeronáutica e perguntou quem tinha sido o responsável por aquilo. O comandante estava saindo da cabine, ele olhou para ele e falou: 'olha, vou cuidar pessoalmente para que o senhor nunca mais pilote um avião de novo'. E, pelo que eu sei, ele não voltou a pilotar".

Escobar ainda afirmou que o procedimento de economizar combustível é praxe entre empresas que ofertam voos fretados, ao contrário de voos de carreira normais. Segundo ele, há uma razão para isso.

"Ouvi falarem: 'ah, então as grandes companhias regulares também podem fazer isso de economizar combustível'. Essa é uma hipótese que não existe, porque eles sabem que vão ter um voo logo depois e que, se sobrar combustível, ele é aproveitado num voo na próxima hora. A companhia de fretamento muitas vezes não sabe quando vai ter um próximo voo, então por isso fazem essa prática de economizar combustível. Isso quase levou a minha vida e dos meus companheiros naquela oportunidade lá".

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