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Dani Alves diz que 7 a 1 é coisa do passado, mas admite pensar em vingança

UOL Esporte

18/11/2016 07h54

Foto: Edu Moraes/Record

Foto: Edu Moraes/Record

O lateral direito da Juventus e da seleção, Daniel Alves, concedeu bem-humorada entrevista ao Programa do Porchat, da Rede Record, com direito a cobranças de pênaltis no apresentador e humorista Fábio Porchat e a cantar com ele "Pelados em Santos", hit do grupo Mamonas Assassinas. Mas também tratou de coisas sérias, como o 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, as dificuldades com Dunga e a mudança da água pro vinho sob o comando de Tite. Neymar também mereceu depoimento importante dele ali.

Antes de mesmo do início da entrevista, o lateral ajudou Porchat em uma piada sobre os criativos nomes das operações da Polícia Federal. "Como se fosse investigar a CBF e chamassem de 'operação 7 a 1"', disse o humorista, sendo interrompido pelo jogador: "não me fala de 7 a 1, pelo amor de Deus", brincou.

"É um pesadelo, né Daniel Alves?", fez graça Porchat. "Isso é um pesadelo, mas que já está no passado", devolveu.

Perguntado pelo comandante do talk show da Record sobre o que lhe vem a mente quando se fala em 7 a 1, foi direto: "vingança", disparou. "Pode ser, um grande desafio para gente, mas isso é do passado", enfatizou, sobre um eventual troco na algoz Alemanha.

"A gente abdica de muita coisa para estar ali dentro, para fazer as coisas bem, ter o resultado, isso vai estar marcado, mas a única coisa que não faço é chorar pelo leite derramado. Já tá derramado mesmo, então por que vou chorar? Tenho que ser mais inteligente que o problema. Existiu, vai ficar aí", disse, convicto, de que o vexame da seleção no último Mundial não interfere no seu presente.

E, super sincero que é, o jogador disse como lida com quem o critica: "se você não dá importância para os meus êxitos, eu não vou dar para as minhas derrotas, porque você não vai dar e vai querer só me bater quando eu perco. Fale de mim também quando eu ganho", desabafou.

O pós-Copa do Mundo, com a difícil segunda era Dunga como treinador do time brasileiro, também foi analisado por Daniel Alves. "Por mais que as pessoas pensem que o Dunga não serve, o que quer que seja, é uma pessoa muito trabalhadora e honesta e as pessoas tem que ser respeitadas. Infelizmente, o resultado não acompanhou, então a gente é escravo das nossas ações e se as nossas ações não são boas, vamos ser cobrados por isso, ainda mais uma seleção pentacampeã do mundo. Ele não estava conseguindo tirar o melhor de cada um. Quando você não tem esse poder de convencimento, [fazer com] que as pessoas comprem realmente essa briga num contexto geral, gera desconfiança, insegurança, gera todas as coisas que só prejudicam o trabalho, não conseguir os resultados", explicou.

"Para gente também é muito doloroso passar pela situação que estávamos passando, ver a seleção brasileira que não consegue os resultados e que não faz com que as pessoas parem para ver a seleção brasileira. Eu fui torcedor, sou ainda, e eu parava a minha família parava para ver a seleção, e não estava acontecendo mais, e agora a gente deu uma mudada nisso e tomara que agora conecte realmente com o povo, com o Brasil e nos leve a coisas boas", comentou.

Sobre o papel de Neymar na seleção brasileira, Daniel Alves fez um discurso de defesa do companheiro e contra se colocar tudo sob os ombros do maior craque brasileiro da atualidade. "As pessoas queriam que o Neymar resolvesse os problemas do Brasil, nesse caso, os da seleção brasileira. Impossível. Neymar está na seleção para marcar a diferença, mas não para fazer tudo, porque não vai conseguir e acaba não fazendo nem uma coisa nem outra e aí vai continuar sendo cobrado", ponderou.

Foto: Edu Moraes/Record

Foto: Edu Moraes/Record

Mesmo no atual bom momento vivido pela seleção, o lateral fez questão de adotar um discurso mais "pés no chão", sem empolgação, da mesma forma que também se posicionou contra o excesso de histeria da torcida e da crítica do país quando o time passa por fases mais difíceis. "A nossa seleção hoje é um resumo do que é o Brasil: nem tudo é o que parece. Nem quando as coisas estão ruins elas são demasiadas ruins e nem quando elas estão boas são demasiadas boas. Falta coisa para melhorar ainda", afirmou.

Já em relação a Tite, tido por ele como um especialista em gestão de pessoas, demonstrou encanto maior na entrevista ao programa da Record, a ponto de equipará-lo ao consagrado e respeitado Pep Guardiola, seu ex-treinador no Barcelona.

"O Tite mudou o clima, mudou tudo, uma pessoa que não se limitou ao que fez, procurou se reinventar, seguir estudando futebol para poder oferecer uma grande versão para gente, uma grande proposta para que a gente a comprasse e os resultados pudessem vir o mais rápido possível. É um Guardiola brasileiro. Não gosto dessas comparações, mas nesse caso me faz lembrar bastante, pelo fato de não ser só um grande treinador, porque no mundo está cheio de grandes treinadores, mas falta um grande gestor e temos a sorte hoje de trabalhar com o Tite."

"O Tite é uma pessoa vitoriosa, experiente de vida, extremamente inteligente, que consegue conectar com o ser humano", seguiu elogiando. "Ele Consegue gerar bom ambiente, gerar confiança, é uma grande pessoa, um grande homem, que respeita a individualidade de cada um, que não se preocupa apenas com os que jogam. Procura também [dar atenção] àqueles que tão servindo a seleção e que de repente não tão tendo o momento [de serem titulares], consegue conectar com essas pessoas, também, para manter o nível. Hoje, a gente tem as pessoas que jogam mais e as que jogam menos, mas as que jogam menos conseguem fazer com que quem jogue mais seja bom para cara", contou.

Questionado por Porchat onde para ele estaria a principal diferença de Tite em comparação ao trabalho do antecessor Dunga, o jogador assim definiu: "não é só a experiência na profissão, é como se reinventar. O Tite aproveitar um ano sabático para se reinventar, estudar estratégias de futebol, de como fazer o seu trabalho quando retornasse ao futebol. O Tite sempre fala uma frase que eu aproveito para colocar na minha vida: 'não é só o resultado, é como você o obtém'. E a forma como a gente ganha os jogos hoje só faz nos convencer de que esse é o caminho a seguir."

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