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Galvão e Tite defendem tecnologia no futebol. Arnaldo se mostra reticente

UOL Esporte

18/10/2016 09h01

Reprodução/Sportv

Reprodução/Sportv

O programa Bem, Amigos! desta segunda-feira (17), no Sportv, foi palco de uma batalha de argumentos sobre a adoção ou não de auxílio tecnológico à arbitragem no futebol. De um lado, o narrador Galvão Bueno, comandante da atração, defensor ferrenho da inovação. Do outro, o ex-árbitro de futebol e analista de arbitragem da Rede Globo, Arnaldo Cezar Coelho, reticente à ideia.

O assunto esquentou quando o programa repercutiu a confusão do Fla-Flu no último meio de semana, com gol tricolor confirmado por Sandro Meira Ricci e posteriormente anulado pelo árbitro da partida após longos minutos de discussão na lateral do gramado do estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. O lance gerou uma ação do Fluminense no STJD para tentar anular o resultado da partida.

"Foram 13 minutos de paralisação. O basquete tem o recurso da televisão pra definir, o tênis tem direito a xis desafios. Se desafiar e acertar, continua com direito a desafio e se errar, perde. O voleibol tem direito a xis desafios. O futebol americano, o árbitro, além de tudo, aperta o botãozinho, [fala] e dá satisfação ao torcedor que tá no estádio, tem no beisebol. Por que que o futebol tem que ser tão arcaico, velho e careta?", desabafou Galvão.

"Porque é complicado colocar câmera em todos os estádios do Brasil", rebateu Arnaldo.

"Mas, Arnaldo, Arnaldo, um torneio de juvenil de tênis não tem câmera pra fazer desafio, um torneio regional de basquete não tem câmera. São nos grandes jogos, nos grandes campeonatos [que se utiliza]. Por que só os homens do futebol são contra a evolução? Isso [lance que rendeu polêmica do Fla-Flu] seria resolvido em um minuto e meio e não estaria sendo discutido hoje", argumentou o narrador.

"Mas tem que ter em todos os estádios do Brasil e é muito caro", observou o analista de arbitragem, nada empolgado.

"Mas claro que tem. O 'Premiere' [serviço pay-per-view da Globosat] transmite todos os jogos. Todos os jogos do Campeonato Brasileiro são transmitidos, Série A e Série B", devolveu o narrador.

"Mas não é transmissão. É toda uma parafernália pra ter isso", rebateu o ex-árbitro.

"Arnaldo, esse jogo não estava sendo transmitido no Sportv, ele estava sendo transmitido pelo 'Premiere'. Esse é o padrão de transmissão de todos os jogos, então não há porque não se utilizar", insistiu Galvão diante da má vontade do colega com o possível auxílio tecnológico aos árbitros.

Até o técnico da seleção brasileira, Tite, tentou convencer Arnaldo dos benefícios da implantação da ajuda. "Absolutamente correto, nós temos que evoluir para o que é justo. Independente de qualquer coisa, se eu fosse o Sandro Meira Ricci e viesse ilegalmente uma informação pra mim, eu, entre o justo e o ilegal, ia optar pela minha consciência, pelo justo, e se toda atribuição tiver em cima de informação para que aconteça o justo, isso independente de cor [de camisa], a gente tá falando da melhoria do esporte", afirmou.

"Você é uma voz tão importante, que seria ouvida internacionalmente. Se você começasse a dizer: 'gente, pra quê essa confusão toda?"', comentou, Galvão, com o comentarista de arbitragem da Globo.

"Galvão, no meu tempo o torcedor levava rádio de pilha. Hoje, o torcedor tá levando smartphone. Ele sabe no momento, online, se o juiz errou ou não. O jogo evoluiu, só que para esse tipo de câmeras, árbitros de vídeo, existe uma série de estudos, uma técnica, não pode ser…", seguiu relutante, Arnaldo.

"Hummm, aí cê tá falando de Fifa e já me preocupa. Se tem um estudo muito gigantesco, eu já temo gente levando dinheiro e daqui a pouco já não vai aparecer", comentou o narrador, que insistiu: "Está na hora de se modernizar e temos, sim, condições."

E finalizou com novo apelo ao colega de Globo e Bem, Amigos!: "Eu lhe pediria que fosse essa voz, porque você é o único de nós que tem esse prestígio internacional do grande árbitro que foi, de ter participado de duas Copas do Mundo, Olimpíada, ter apitado final de Copa do Mundo de maneira brilhante, então você seria essa voz pra começar a dizer: 'gente, se todos os esportes tem isso, por que que nós do futebol não temos'."

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