Como mãe de Glenda e insistência ajudaram a criar série esportiva na Globo
Glenda Kozlowski não conseguia conversar com frequência com a própria mãe quando era atleta do bodyboarding. Ficava sem ver dona Ana Maria por até dois meses, incluindo datas importantes para a família como aniversário, Natal e Ano Novo. Mas mãe sempre arruma um jeito especial para se comunicar. A jovem atleta, de apenas 11 anos, sentia-se na ocasião mais próxima e cuidada por meio de cartas que Ana Maria deixava espalhada para ela em sua bagagem.
"Eu sentia muita falta dela, e a forma que ela arrumou para estar presente foi escrevendo cartas, falava coisas de mulher e colocava dentro da minha mala. Ela colocava uma em cada espaço, escrevendo coisas sobre a competição que eu ia participar. As coisas que ela me ensinou, como a meditação e até mesmo para ter cuidado com a pele por causa do sol. Escrevia do jeitinho dela e era muito bacana", relembrou Glenda em entrevista ao UOL Esporte.
Dona Ana Maria morreu há 20 anos, Glenda não tem mais as cartinhas. Mas foi a partir desta experiência pessoal e especial que a apresentadora teve a ideia de fazer a série Palavra de Mãe, que estreia neste domingo (08), Dia das mães, no Esporte Espetacular, da Rede Globo.
A série vai trazer as mães dos atletas olímpicos que representarão o Brasil na Rio-2016 escrevendo cartas para seus filhos. Glenda faz as entregas pessoalmente e só quando vão ler os atletas descobrem de quem é a carta.
Apesar da parte emocional e de histórias diferentes que o quadro traz sobre os atletas, não foi tão fácil fazer a série nascer, ainda na Copa do Mundo de 2014, com os jogadores da seleção brasileira. "Eu briguei por esse quadro. Em 2013, quando eu quis vender a pauta de uma carta escrita à mão, as pessoas se perguntavam: 'será?' Por causa da época de tecnologia. Eu briguei mesmo. É uma coisa muito pessoal e intransferível. Ninguém substitui a carta e com a letra da mãe. Além disso, só os pais sabem, de verdade, todo o esforço para aquilo (a carreira do filho) dar certo", contou.
O contato de Glenda com as mães dos atletas olímpicos ainda rende histórias que só mãe e pai sabem de um filho. Como a história do líbero Serginho, que vai ao ar na estreia da série.
"Todos eles têm um toque especial. A gente descobriu na entrevista que durante a primeira semana de vida o nome não era Serginho e a dona Didi não registrou ele. Era um nome estranho. Um nome esquisito e quando ela foi fazer o registro, ela desistiu. Foi então que ela decidiu colocar Sérgio por causa do Sérgio Chapelin (apresentador da Rede Globo). Até gravamos um depoimento dele (Sérgio) para ela", disse a apresentadora.
As histórias de superação de Arthur Zanetti (ginástica), Ana Marcela Cunha (maratona aquática) e Pedro Solberg (vôlei de praia) ainda vão para o ar e também emocionaram Glenda. "Eu sou mãe hoje e sei das dificuldades de criar um filho, como é difícil apostar em coisas que às vezes não dá futuro. Eu peguei onda na época que o surfista era visto como maloqueiro e maconheiro, com 10 anos. Meu pai (Antony) tinha medo e minha mãe sempre me deu força. Ela nem cogitava eu não fazer o que eu queria", recordou.
Toda a história das cartas e o quadro que está prestes a ir ao ar no Esporte Espetacular inspirou a própria Glenda a escrever uma cartinha ao filho mais novo, Eduardo, de 12 anos. A experiência deixou o garoto surpreso. "A gente só se fala e muito. Mas meu filho viajou terça-feira (03) com a escola e eu fiz a mala dele. Eu não ia vê-lo mais depois disso, então eu fiz a primeira cartinha dele. Eu fiz uma cartinha aconselhando ele a ir à excursão da escola e se comportar, não deixar bagunça. E ele me ligou falando que estava morrendo de rir da carta. Geralmente quem viaja muito sou eu, não são eles", completou.
Karla Torralba
Do UOL, em São Paulo
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