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Taxistas espancam marido de repórter da Globo que tentava usar Uber

UOL Esporte

09/08/2015 20h20

Luciana Machado, repórter da TV Globo Minas e do Sportv, fez um desabafo em seu Facebook sobre um momento dramático que viveu com o marido, Marcel Telles, espancado por três taxistas, ao tentarem usar um carro da Uber, serviço de transporte particular solicitado via aplicativo de celular, quando voltavam de uma comemoração de aniversário. Após a agressão, o esposo da jornalista ainda registrou em vídeo que estava sendo seguido por um taxista.

"Assim que ele [carro da Uber] chegou, nós entramos e um taxista já tentou impedir que ele desse a partida. Conseguimos sair, mas outros dois taxistas chegaram e cercaram o carro. Naquele momento eu não acreditava que três idiotas estavam ameaçando o motorista, a mim e o Marcel. Descemos do carro para questionar os taxistas que começaram a falar que estávamos usando um transporte ilegal, o que não é verdade. Assim que ficaram sabendo onde eu trabalhava, piorou", relatou na rede social.

"O sangue ferveu, não conseguíamos ir embora e no meio do bate-boca começou a agressão. Imaginem três taxistas contra seu marido! Um segurou o Marcel praticamente com um mata-leão, enquanto os outros foram pra cima dele. Tentei segurar, empurrar, tirar, impedir de alguma forma que ele se machucasse, enquanto o Marcel se preocupava em nos proteger e saía no braço com os taxistas. Um deles disse que só não me bateu porque eu sou mulher, porque ele não batia em mulher. Não sei se isso foi sorte ou azar", recordou.

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"Uma viatura da PM estava próxima e foi chegando devagar. Os taxistas que antes eram machões dizendo que iam chamar a polícia pra gente (inverteram tudo pra nos intimidar ainda mais), foram entrando no carro e teve um que deu até ré em plena av Cristiano Machado. Ingenuamente e muito nervosa, eu só fiz um pedido aos policiais militares que ali chegaram: 'por favor, nos ajude a sair daqui com segurança'. Os militares nem sequer pararam o carro, desceram ou registraram o ocorrido. E, naquela hora, não tínhamos cabeça pra pensar que aquilo também era absurdo", critica.

Posteriormente, a jornalista da Globo e seu marido pararam numa base da PM, onde fizeram o registro de boletim de ocorrência. Marcel também fez o exame de corpo delito no IML.

No mesmo texto de desabafo, Luciana lembrou que ela e o marido já haviam sofrido com taxistas ao fazer uso de carro da Uber em outra oportunidade: "na primeira vez, eu e Marcel estávamos em frente ao hotel Ouro Minas aguardando o Uber. Quando ele chegou, um taxista parou na frente dele, tentando impedir que saíssemos com o carro. Reclamamos, indignados, e conseguimos ir embora", relembrou.

A jornalista da Globo garante que irá procurar os seus direitos após se "sentir insegura e violentada" no seu direito de ir e vir, cerceados ali. Para ela, os taxistas estão perdendo a razão na discussão contra o serviço concorrente ao usarem de violência para protestar "Em Brasília, fiquei sabendo de um caso em que um taxista chegou armado para o motorista do Uber e mandou os passageiros dele entrarem no táxi. Um advogado já me informou que isso é sequestro. Basta de violência!"

E deu a dica: "se você estiver em um Uber e for vítima do assédio dos taxistas, não saia de dentro do carro. Confirme que as portas estão trancadas, ligue a câmera e faça um vídeo, enquanto outra pessoa liga para o 190. Registre tudo o que puder. Não deixe de fazer a sua parte se você também for agredido ou intimidado. As agressões dos taxistas estão cada vez mais promovendo a ineficácia do serviço e trabalhando a favor do tão temido inimigo Uber."

No seu perfil no Facebook, Marcel Telles divulgou o seguinte comunicado de apoio que recebeu da empresa:

"Olá Marcel – sentimos muito pelo acontecido na sua última viagem.

Infelizmente, existem pessoas que acham que podem e devem interferir com seu direito de escolha sobre como se deslocar por Belo Horizonte.

A Uber está totalmente comprometida em continuar disponibilizando através da nossa plataforma um serviço de qualidade para todos nossos usuários. Todos os parceiros-motoristas, a cada dia, também fazem todo o possível para continuar oferecendo um atendimento 5 estrelas.

Estamos certos do que a voz de milhares de cidadãos será ouvida. Por enquanto, continuamos a trabalhar duramente e com muito entusiasmo para melhorar nosso atendimento cada vez mais.

Acabo de reembolsar a tarifa desta viagem e inserir R$50 em créditos na sua conta. Infelizmente isso não vai remediar o transtorno que você teve que passar, nem o tempo perdido.

Agradecemos muito pela sua compreensão. Esperamos que você continue exercendo seu direito de escolha e volte a usar a plataforma Uber em breve.

Um grande abraço,
Equipe Uber BH"

A seguir, a íntegra da postagem de Luciana Machado:

"Desabafo.

Desde que a Lei Seca foi implementada eu tive que obedece-la, como deveriam todos os brasileiros. E passei a usar o táxi como transporte toda vez que saía pra tomar uma cervejinha ou um vinho. Qual era a ideia: garantir a minha segurança e a de outras pessoas que estão no trânsito. Passei a gastar mais dinheiro ao deixar o carro em casa, achando que estaria mais segura.

Muitas vezes fui e voltei pra casa com um serviço honesto, mas muitas outras vezes entrei em carros mal cuidados, com motoristas mal educados e, principalmente, que desobedecem as leis de trânsito e ainda colocam a vida dos passageiros em risco. Todas as vezes que pegava um táxi eu já começava a me preocupar perto de casa: sabe aqueles cruzamentos de bairro, superperigosos, onde nem sempre as pessoas respeitam o sinal de pare? Pois é. Uma vez o motorista até simpático empolgou no papo (e eu nem estava a fim de conversar, só queria voltar pra casa) e quase mata nós dois.

Sim, posso dizer isso porque um ônibus passava em uma velocidade considerável e o taxista simplesmente ignorou o sinal de pare. Ele felizmente conseguiu parar praticamente em cima do ônibus. Por pouco não nos acertou e justamente do lado do carro onde eu estava sentada. Outro dia, até comentei sobre isso por aqui, um outro taxista ignorou meu alerta quando, após passar em um cruzamento sem olhar, eu pedi pra ele tomar cuidado porque o seguinte era mais perigoso. Resultado: fui ignorada e, se estivéssemos passado no cruzamento alguns segundos depois, um carro teria batido em nós e, mais uma vez, do lado onde eu estava sentada.

Quando descobri a existência do Uber fiquei surpresa com a qualidade e higiene dos carros, o preparo e a educação dos motoristas, além do preço, é claro. Comecei a usar o transporte e pouquíssimas vezes recorri ao táxi. Quando entro em um até pergunto o que eles acham do Uber pra tentar entender o lado dos taxistas. Já ouvi alguns sensatos, outros nem tanto. Fato é que os taxistas se organizaram para tentar, de forma violenta, acabar com o Uber. Os motoristas são frequentemente ameaçados e, consequentemente, os passageiros também. Já passei por duas experiências assim e com o mesmo motorista.

Na primeira vez, eu e Marcel estávamos em frente ao hotel Ouro Minas aguardando o Uber. Quando ele chegou, um taxista parou na frente dele, tentando impedir que saíssemos com o carro. Reclamamos, indignados, e conseguimos ir embora.

Na última vez foi muito pior. Após comemorarmos o aniversário de uma amiga em um barzinho da Av Alberto Cintra, esperamos pelo Uber. Assim que ele chegou nós entramos e um taxista já tentou impedir que ele desse a partida. Conseguimos sair, mas outros dois taxistas chegaram e cercaram o carro.

Naquele momento, eu não acreditava que três idiotas estavam ameaçando o motorista, a mim e o Marcel. Descemos do carro para questionar os taxistas, que começaram a falar que estávamos usando um transporte ilegal, o que não é verdade. Assim que ficaram sabendo onde eu trabalhava, piorou. O sangue ferveu, não conseguíamos ir embora e no meio do bate-boca começou a agressão. Imaginem três taxistas contra seu marido! Um segurou o Marcel praticamente com um mata-leão, enquanto os outros foram pra cima dele. Tentei segurar, empurrar, tirar, impedir de alguma forma que ele se machucasse, enquanto o Marcel se preocupava em nos proteger e saía no braço com os taxistas. Um deles disse que só não me bateu porque eu sou mulher, porque ele não batia em mulher. Não sei se isso foi sorte ou azar…

Uma viatura da PM estava próxima e foi chegando devagar. Os taxistas que antes eram machões dizendo que iam chamar a polícia pra gente (inverteram tudo pra nos intimidar ainda mais), foram entrando no carro e teve um que deu até ré em plena av Cristiano Machado. Ingenuamente e muito nervosa, eu só fiz um pedido aos policiais militares que ali chegaram: por favor, nos ajude a sair daqui com segurança. Os militares nem sequer pararam o carro, desceram ou registraram o ocorrido. E, naquela hora, não tínhamos cabeça pra pensar que aquilo também era absurdo. Depois de estarmos seguros dentro do carro a caminho de casa, aí caiu a ficha. Então paramos numa Companhia da PM e fizemos o registro do boletim de ocorrência. Marcel também fez o exame de corpo delito, no IML.

Depois de me sentir insegura, violentada, com meu direito de ir e vir cerceado, vamos procurar nossos direitos. Muitos taxistas estão usando a violência para protestar e estão, cada vez mais, perdendo a razão. Em Brasília, fiquei sabendo de um caso em que um taxista chegou armado para o motorista do Uber e mandou os passageiros dele entrarem no táxi. Um advogado já me informou que isso é sequestro. Basta de violência!

Se você estiver em um Uber e for vítima do assédio dos taxistas, não saia de dentro do carro. Confirme que as portas estão trancadas, ligue a câmera e faça um vídeo, enquanto outra pessoa liga para o 190. Registre tudo o que puder. Não deixe de fazer a sua parte se você também for agredido ou intimidado. As agressões dos taxistas estão cada vez mais promovendo a ineficácia do serviço e trabalhando a favor do tão temido inimigo Uber."

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