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ESPN entra em 'guerra' das noites dominicais com resenha de boleiros

UOL Esporte

06/07/2015 08h31

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Uma espécie de discussão de boteco de luxo, em formato para a TV, só com presença de ex-jogadores e suas histórias, causos, muita risada e linguajar informal. Assim é a proposta do Resenha ESPN, novo programa ao vivo da ESPN Brasil comandado por Rodrigo Rodrigues que estreou neste fim de semana com a missão de enfrentar uma verdadeira "guerra esportiva" nas noites dominicais.

Para se ter uma ideia, às 22h, quando o Resenha foi ao ar, o Sportv ainda debatia a rodada do Brasileirão com o seu tradicional Troca de Passes, logo após a sua transmissão ao vivo de futebol. O "canal campeão" ainda "machucaria" a estreia da ESPN com o Extra Ordinários, também ao vivo, das 22h30 até às 23h30, terminando no mesmo horário da atração da emissora rival.

Estrategicamente colocado mais cedo, o A Última Palavra do polêmico Renato Mauricio Prado, voltando a ser exibido ao vivo, iniciou às 21h, encerrando-se às 23h30, ou seja, em boa parte do tempo também disputando audiência com o Resenha. Não bastasse isso, o Bandsports, das 23h às 23h30, apresentava como atração uma entrevista com Edmundo, polêmico ex-jogador e atualmente comentarista da Band, para o Tête-à-Tête com Téo.

A "resenha"

Embora com a proposta de ser muito mais uma conversa solta, informal, do que um debate no padrão convencional de mesa redonda esportiva, o Resenha ESPN em vários momentos acabou lembrando um Bate-Bola sem jornalistas analistas. Talvez porque lá estiveram, na estreia, Juan Pablo Sorín e Zé Elias, rostos bem comuns nos programas padrões da emissora. Também porque se falou da rodada futebolística pelo Brasil.

Inclusive, por um dos convidados especiais ser justamente Muricy Ramalho, ex-treinador do tricolor paulista, o clube acabou ganhando um bom espaço na "resenha" (discussão, na linguagem boleira). O técnico foi instigado a comentar sobre os problemas agora enfrentados pelo colombiano Juan Carlos Osorio no atual São Paulo, irregular como quando Muricy era o comandante no primeiro semestre.

"Tenho acompanhado alguns jogos, outros não. Começou bem e agora voltou a oscilar. Isso é o que me preocupava antes: [falta de] foco, um time que não é tão concentrado. Ali tem um problema sério que é a velocidade. A posse de bola é uma das maiores do país, todo jogo é maior que a do adversário, dentro e fora de casa, só que não tem profundidade", iniciou, Muricy. "O São Paulo não tem esse contra-ataque e hoje no futebol é importante quando o adversário tá com a bola no seu campo e você retoma essa bola, tem que ter velocidade, senão você não vai surpreender ninguém.

Sobre o chamado desmanche do time tricolor, perda de jogadores, ele também deu seu pitaco: "os técnicos brasileiros são surpreendidos toda hora, mas comigo não teve essa surpresa. O Osorio tá chegando agora, não sabe como são as coisas e tem uma surpresa atrás da outra", opinou, lamentando as saídas dos volantes Denílson e Souza, segundo ele, os que mais correm nos números do clube, além de qualificados tecnicamente.

Na mesma análise, um momento engraçado: o ex-treinador do São Paulo falava sobre como jogam os principais times do mundo, com jogadores de velocidade abertos e armação por conta dos meio-campistas, que no Brasil ainda são chamados de volantes, e foi então que Zé Elias, conhecido por ser muito mais de pegada do que de criação em seus tempos de jogador, acabou virando o alvo de Muricy na resenha. "Volantes marcadores já não têm mais. Zé Elias, por exemplo", disse ele, para gargalhada geral no estúdio.

No início da atração da ESPN, Muricy já havia provocado risos após o apresentador sugerir que convidassem o treinador do Palmeiras, Marcelo Oliveira, em novas edições. "Poderia ter um técnico toda semana ali no lugar do Muricy", comentou Rodrigo Rodrigues. "Pô, um jogo, só 30 minutos e já quer me tirar, me mandar embora? Tá 0 a 0 o jogo, tá bom, entrosando aqui", reagiu, rindo, Muricy, assim como os demais ex-jogadores.

Ex-diretor de futebol do Santos, Zinho também marcou presença como convidado e, no espírito da atração, fez a sua graça no Resenha ESPN. Zé Elias, alvo de Muricy, acabou sendo o seu, também. Foi no momento que mandou um abraço para Alex, ex-jogador da ESPN, ausente naquela estreia. "Pensei que ia repetir uma dupla com ele aqui, porque o Zé Elias me batia muito, chegava junto, aí agora tô no mesmo time aqui que ele, então tá bom", brincou.

Curiosamente, foi justamente Zé Elias, vítima preferida dos colegas que, falando sério, e até emocionado, contou o episódio mais tocante ali, sobre o reconhecimento que tem até hoje do torcedor pelo que fez em campo, o apelido "Zé da Fiel" e o carinho nas ruas.

"Você chegar no estádio, na rua e ver o pai pegar na mão do filho e falar: 'tá vendo aquele rapaz lá, ó? Ele jogava no Corinthians, era um baita de um volante'. Isso não tem dinheiro no mundo que pague, não tem dinheiro no mundo que pague", declarou.

Rogerio Jovaneli
Do UOL, em São Paulo

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