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Aprendi o que é democracia com o Corinthians, diz Dan Stulbach

UOL Esporte

03/07/2015 06h00

A geração de jogadores que participou da Democracia Corinthiana motivou e encantou muitos torcedores. Entre eles, um então menino magro, alto e de cabelos longos, que lembrava um pouco Walter Casagrande, um dos principais articuladores do movimento, que durou de 1981 a 1985. "Tive a sorte de ter a Democracia Corinthiana quando era moleque, então cresci com os caras. Aprendi o que é democracia no estádio", afirma Dan Stulbach ao UOL Esporte. O ator, diretor e apresentador, que assumiu no fim de maio deste ano o comando do programa Bola da Vez, da ESPN, lembra que o time o ensinou além do futebol.

Assistindo a um jogo no estádio com o pai, Dan viu os jogadores entrando em campo com o termo "Democracia Corinthiana" nas costas das camisas. "Eu não sabia o que era democracia, era garoto, no colégio não se falava disso", conta. O Brasil ainda vivia o período da ditadura militar, que começara em 1964 e duraria até 1985. "Então fui aprender o que era ali, meu pai me ensinou o que era democracia no estádio. Aqueles caras todos eram meus ídolos, Sócrates, Casagrande, toda aquela turma com o espírito de resolver as coisas juntos, e todos serem iguais".

Mas ele afirma que a torcida declarada pelo Corinthians – que já o fez seguir o time até o Japão, para assistir ao Mundial de Clubes em 2012 –, não se misturará com o lado de apresentador ou comentarista na ESPN. Tanto que, para sua estreia no Bola da Vez, Dan queria um entrevistado que não tivesse relação com o Corinthians. Veio Muricy Ramalho. "Eu tenho curiosidade sobre todo mundo. Adoro futebol, torço para o meu time, mas não quero ficar só nisso".

Além de apresentar o Bola da Vez, Dan também tem feito participações nos programas Bate Bola e Linha de Passe, mas não se vê como um comentarista esportivo. Por isso, gostou da ideia de apresentar o programa de entrevistas, onde ele pretende imprimir sua identidade e usar abordagens diferentes. "Posso fazer perguntas que não sejam só de esporte. Acho que é legal saber também o que o jogador pensa sobre política, por exemplo", explica, lembrando que vários atletas mudam de vida rapidamente, e muitas vezes têm de lidar com o fato de serem amados ou odiados de um dia para o outro.

O Dan entrevistador não surgiu agora, com o Bola da Vez. Começou há quase dez anos, quando passou a apresentar o programa Fim de Expediente na rádio CBN. Em sua estreia comandando o Bola da Vez, já mostrou uma abordagem diferente, no programa com Muricy. Sabendo da timidez do treinador, começou o programa como se ainda estivesse fora do ar, em um tom íntimo, para deixa-lo à vontade, e ainda o fez chamar a vinheta de abertura do programa. E sua primeira questão não foi mesmo sobre esporte: "Vou começar com uma pergunta que todo mundo já deve ter te feito: Beatles ou Stones?", brincou.

Dan se tornou conhecido pelo grande público quando passou a atuar em novelas da Globo, canal com o qual teve vínculo por 12 anos – porém, só os primeiros quatro foram com vínculo exclusivo. "Muita gente me procura e pergunta 'Por que você foi para a Band, não é um risco grande abrir mão da segurança?' Mas você só tem segurança no risco. A ideia de que você tem segurança na estabilidade é o maior dos riscos, você se acomoda, confia e ela passa uma rasteira", explica. "Acho que eu tenho uma missão comigo mesmo de me divertir, de brincar um pouco. É um risco falar de esporte, de futebol. Mas também é uma delícia".

Camila Mamede
Do UOL, em São Paulo

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