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Programa global debate desequilíbrio emocional no esporte e mostra choro

UOL Esporte

02/07/2015 11h52

Thiago_Silva
Ao som de "Calmaí", na voz de Paula Toller, e uma seleção de imagens de momentos de desequilíbrio emocional, (incluindo recentes do Brasil na Copa América e no episódio que culminou na saída de Neymar do torneio), o programa Corujão do Esporte, exibido pela Globo nesta madrugada, discutiu a seleção brasileira no aspecto da falta de controle emocional em campo.

"Alguns lidam bem com a pressão de concorrer em alto nível, já outros…" foi um dos trechos do texto lido enquanto eram exibidas cenas com o temperamental ex-tenista que marcou época, John McEnroe, além de Mike Tyson mordendo a orelha de Evander Holyfield, a cabeçada do craque francês Zidane no zagueiro italiano Materazzi na final da Copa de 2006 e brigas em clássicos brasileiros, entre outras.

Também foram enfatizadas ali as fraquezas brasileiras em momentos decisivos, como Thiago Silva sentado em cima da bola, chorando, e do irritado Neymar contra a Colômbia,  quando acabou expulso e depois fora de vez da competição continental. "O que inspirou a gente a fazer esse programa foi o episódio com Neymar que acabou tirando ele de quatro jogos da Copa América. O Brasil acabou eliminado contra o Paraguai agora nas quartas de final e a gente não tem chance de ir atrás desse título", admitiu o apresentador Flávio Canto que, logo de cara, questionou um dos convidados, o craque e esquentado em campo, Djalminha, sobre tudo aquilo. "Você foi um grande destaque como craque de bola e também pelo temperamento explosivo", comentou.

"Bom, depois de tantos casos que a gente viu aí [se referindo à seleção caprichada de casos de brigas na abertura da atração], acaba sendo uma situação normal [os incidentes envolvendo Neymar na Copa América]. No caso, quando você está apanhando direto, já teve a situação da Copa do Mundo que foi contra a Colômbia, isso influenciou nesse jogo e perdeu o controle, ele sabe disso, mas não vejo como nada anormal, não. Acontece com qualquer um", argumentou, Djalminha, que não faz muito tempo foi comentarista da Band.

"Na hora da competição, quando se tá jogando, aí adrenalina sobe e às vezes é difícil controlar esse impulso, essas emoções que são muito fortes, difícil de explicar para quem tá de fora", justificou.

Leonardo Gaciba, analista de arbitragem da Globo ali presente, atribuiu ao fato das coisas não correrem como o atacante esperava em campo para aquela reação intempestiva. "Pra ele o normal é tudo acontecer de forma tranquila. Neymar sabe o nível dele. Jogador não é robô, tem toda uma pressão familiar, social, o que ele representa para o esporte brasileiro como um todo, acima de tudo é isso aí", analisou.

Já Felipe Perrone, eleito melhor jogador da Liga dos Campeões de pólo aquático, o outro convidado do Corujão, não aliviou nada para o craque. "O time está acima disso, a seleção brasileira, um país. Que é normal, é normal, mas acho que há tanta coisa atrás que arriscar dessa maneira e tomar esse tipo de decisão, ter essa atitude que prejudica tanta gente, acho que tem que ficar de lição pra ele", condenou, lembrando que no esporte que pratica há um treinamento para lidar melhor com situações mais tensas em competição.

"Ali não dá pra ter temperamento explosivo, embaixo d'água rola de tudo ali, então tem que manter a calma e um dos motivos desse título foi o treinamento que a gente teve. No treinamento, ele [técnico croata Ratko Rudic] deixava chegar a situações-limite e tínhamos que manter o controle emocional. Alguns jogos ficaram mais nervosos e deu pra manter o controle emocional", contou.

Além das imagens e dos depoimentos, o programa da Globo ainda foi ouvir um psicanalista, Dr. Luis Alberto Py.  "Há dois times de causa para isso [descontrole emocional]: a primeira é a pressão. Ele tá sendo visto por milhões de pessoas, tá sendo cobrado e, mais do que isso, ele se cobra. E aquela carga leva que qualquer dificuldade se torne uma frustração muito grande e facilmente um jogador que tá cheio de adrenalina, funcionando a mil, encontra um contratempo, ele bota aquela energia pra fora de uma maneira desastrada às vezes", iniciou.

"A outra causa é biológica", continuou, "há pessoas que têm disritmia cerebral, um tipo que se caracteriza exatamente pela explosividade, são pessoas que reagem antes de conseguir pensar e geralmente reagem com violência." E finalizou: "para esses casos [biológico] existe até remédio, e para o caso da pressão excessiva terapia ajuda. Esses jovens precisam de acompanhamento psicológico, eles e as famílias deles, porque lidar o sucesso e um sucesso razoavelmente rápido não é muito fácil. Junto com o sucesso, vem a cobrança."

Rogerio Jovaneli
Do UOL, em São Paulo

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