Cleber Machado detona astros "paparicados" e vê futebol brasileiro obsoleto
O narrador Cleber Machado participou na madrugada desta terça para quarta-feira do Programa do Jô e deu opiniões contundentes sobre a atual fase do futebol brasileiro e sobre os escândalos de corrupção descobertos em investigação que se tornou pública no último mês de maio. Para ele o futebol brasileiro está perdendo a identidade. O locutor da TV Globo não mencionou Neymar, mas criticou de uma maneira geral a característica da geração de jogadores do país.
"De um tempo pra cá são todos estrelas, o fone, todo o entorno, tem assessor, tem não sei o quê, viraram tão estrelas que acabam sendo paparicados, acabam sendo salvador da pátria. Agora, se o Brasil ganhar a Copa América sem o Neymar, a gente pode abrir mão do Neymar? Nunca. E se perder ele é culpado?", levantou a questão ali.
"Tenho a impressão – e falei isso outro dia para o Oscar Schmidt, e ele acha que não – que o Neymar nervoso, principalmente contra a Colômbia… Será que ele não sente que o negócio não tá andando e que precisa resolver tudo sozinho? E que aí, quando começa a não rolar, 'se eu não pegar essa bola aqui, driblar quatro e fazer o gol'… Lógico que ele nunca vai falar isso em público, mas acho que o nosso time é limitado, normal", acrescentou.
Dizendo-se fã de Zico, o narrador disse considerar possível que Neymar chegue ao nível do Galinho na sua carreira. "Ele não é o Pelé, ninguém é o Pelé. Pode vir a ser um cara do nível do Zico, do Garrincha, eu sou absolutamente fã do Zico, ninguém foi melhor que o Zico pra mim. É nível Maradona, Cruyff, Platini. O Rivellino jogava pouco?", brincou com Jô.
Analisando o que se joga atualmente, Cleber disse na atração que vê os grandes times do futebol mundial e mesmo seleções internacionais atuando mais ou menos como o Brasil costumava jogar em seus melhores tempos, um jogo moderno, enquanto o Brasil, segundo ele, está preso a um futebol obsoleto, ultrapassado, de décadas passadas.
"A gente tá ainda lá na década de 90. Sabe Mauro Silva e Dunga? Foram bem na Copa do Mundo de 94, ganharam, mas a seleção encantou? Não encantou. Aí depois os outros países vão melhorando, voltando a ter meio-campistas que sabem jogar bola, lateral que não precisa atacar toda hora e a gente continua com aquela visão: 'não, o meio-campo marca, cobre lateral que ataca'. E aí o jogo não anda", avaliou.
Apesar dessa análise, o narrador da Globo poupou o técnico Dunga, visto por ele hoje como um profissional mais atualizado, evoluído em relação à primeira passagem dele como técnico da Seleção, entre 2006 e 2010. "O Dunga foi uma surpresa lá em 2007 quando foi escolhido para ser o treinador. Em 2010 ele perde um jogo na Copa do Mundo e é demitido, aí ele volta agora e me parece que nesse período o Dunga deu uma conversada, uma atualizada", opinou.
Sobre o escândalo da Fifa, Cleber Machado disse que aquilo não surpreendeu a ninguém e considerou a reação muito tímida após as prisões dos dirigentes ligados à entidade, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.
"Precisava ver o que vai acontecer. A gente tem que ter esperança que as coisas possam melhorar, de aproveitar o momento para arejar o futebol, mas eu achei que as reações foram muito tímidas aqui no Brasil e no mundo inteiro. O Platini, presidente da Uefa, bateu um pouquinho, foi um grande jogador, mas não sei, precisa ver como vai ser a próxima eleição. Os candidatos parecem de um naipe diferente, se rolar Zico, Platini, agora o Maradona falou que vai se lançar, se esses caras estiverem bem preparados, bem intencionados e montarem uma equipe legal de trabalho… Porque o futebol não vai perder a paixão, o interesse, mas perde a credibilidade, né?", enfatizou na entrevista ao talk show da Globo.
Rogerio Jovaneli
Do UOL, em São Paulo
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