Topo

Silvio Santos já fez gincana com crianças representando times. Relembre

UOL Esporte

14/05/2015 09h57

Quem foi criança ou adolescente nos anos 80 provavelmente lembra do Domingo no Parque, programa do SBT que era uma espécie de grande gincana. O que nem todo mundo recorda é que a atração, que acabou em 1986, teve um período em que as crianças representavam times de futebol.

Isso mesmo: Silvio Santos, sempre ele, decidiu que era uma boa ideia dividir a criançada que disputava as provas não entre escolas, mas entre clubes. Quer dizer, eram as escolas que continuavam participando do programa, mas, na hora da disputa, passavam a representar times.

"Foi uma maneira que o Silvio arranjou para, entre outras coisas, facilitar na hora de dizer os nomes dos participantes. Era muito mais simples falar que o vencedor foi o Corinthians, o Santos, o Botafogo, do que a Escola Maria Imaculada Conceição não sei das quantas", diz o diretor do programa naquela época, Wanderley Villa Nova.

O resultado da brincadeira você encontra no YouTube. Embora existam poucos vídeos dessa fase do programa, ainda é possível assistir crianças disputando as provas usando camisas de clubes. Em um deles, o Vasco enfrenta o São Paulo em uma empolgante corrida de sacos. Em outro (aí sem as camisas), a molecada responde a perguntas em um tipo de "quiz" de conhecimentos gerais. E o humor de Silvio está ali: ele faz piadinhas e comentários com as crianças que hoje provavelmente escandalizariam muita gente.

"A produção já tinha uma tabela pronta com os times do dia, então os colégios não podiam escolher quem iam representar", explica Wanderley. "E era uma complicação dirigir o programa. Tínhamos em média 160 crianças participando em cada um deles, imagina cuidar de tudo isso", lembra o diretor. Toda essa responsabilidade, lógico, não era só do pessoal do SBT. Cada escola era obrigada a trazer uma diretora e oito professoras. Além disso, Wanderley conta que o programa tinha uma estrutura pronta para cuidar das crianças, com enfermaria, lugar para trocar roupa, berçário e até estoque de papinha. "E não tinha essa de entregar os presentes depois. As escolas já saiam de lá com todos os brinquedos conquistados na gincana. Entregávamos até 80 brinquedos na hora", lembra o diretor.

Mas, como seria um programa como o Domingo no Parque hoje? Afinal, a ideia de markerting e direito de marca era algo bem remoto para os clubes nos anos 80. "Atualmente, jamais uma emissora sairia usando a marca de um time, ainda mais para obter lucro, sem o consentimento do clube", acredita Ricardo Davi, diretor de Marketing e Planejamento do Vitória. "Há muitos meios legais para se fazer isso, e com certeza é o que aconteceria", diz ele.

Luciano Kleiman, diretor de Marketing do Palmeiras, acredita que "hoje vivemos em um momento de mercado diferente", mas que "o programa seria interessante para os clubes se feito de uma forma sadia e educativa". Para Luciano, contanto que houvesse um acordo prévio com os clubes, a atração com certeza traria benefícios às agremiações.

A opinião é parecida com a de Domenico Bering, diretor de Comunicação do Atlético-MG. "Não vejo como não seria interessante para o clube participar de algo como o Domingo no Parque. Ter a nossa marca exposta por um dos maiores comunicadores do país, como o Silvio Santos."

E para quem está imaginando se, em algum momento, a criançada se desentendeu nos bastidores por conta de suas nascentes paixões clubísticas, Wanderley responde. "Não. O único problema que tivemos foi aquele da menina do bambu."

Os que ainda não conhecem esse momento histórico da TV brasileira podem mudar essa situação assistindo ao vídeo "Menina do bambu".

* Por Daniel Lisboa, em São Paulo

Domingo no Parque
1 | 3

Sobre o Blog

A TV exibe e debate o esporte. Aqui, o UOL Esporte discute a TV: programas esportivos, transmissões, mesas-redondas, narradores, apresentadores e comentaristas são o assunto.