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Canal religioso mostra “periferia” do futebol. E até padre já comentou

UOL Esporte

29/03/2015 06h00

futebol rede vida

Não gosta de ver futebol europeu nas manhãs dos sábados e domingos ou está cansado de todo luxo que envolve o futebol no Velho Continente? Um canal religioso é a sua "salvação". A Rede Vida se firma a cada dia como a emissora do futebol "alternativo". Jogos das segunda, terceira e quarta divisões do Campeonato Paulista e até dos estaduais sub-17 e sub-20 ocupam a grade de programação da emissora ao longo de todo ano aos fins de semana, sempre às 10h e às 19h. Em janeiro, há espaço para a Copa São Paulo de Juniores. Uma tradição que já dura 15 anos.

E em todo este tempo de transmissões de futebol, até padres já passaram pelo microfone daquele que se intitula "O Canal da Família" e tem sua programação baseada majoritariamente em missas, reflexões religiosas e programas bíblicos.

"Os padres assistem aos jogos, pedem para enviarmos saudações e alguns já até comentaram algumas partidas comigo. Uma vez estava em Araraquara, e um padre que participou da transmissão havia jogado no time juvenil do Guarani", contou ao UOL Esporte Luiz Carlos Fabrini, voz principal das transmissões da Rede Vida desde o início da empreitada da emissora no futebol.

Mas de onde surgiu o interesse de um canal católico contar com o futebol em sua programação? A inclusão do esporte na grade veio da necessidade de se oferecer um produto específico para o público do interior paulista.

Em que pese ter atualmente seu sinal disponibilizado em todo o país em UHF e canais a cabo, além de streaming na internet, a Rede Vida conta com a terceira maior distribuição de sinal próprio no estado de São Paulo, atrás apenas da Rede Globo e da TV Cultura. A geração é feita toda a partir de São José do Rio Preto, cidade localizada a 450 quilômetros da capital.

"Precisávamos ter um produto com a cara do interior e estas divisões inferiores contam com clubes de todo o estado. Além disso, sempre houve o desejo de dialogar mais com o público masculino, e como o futebol é o esporte mais popular do país vimos aí uma boa oportunidade. Queremos unir pai e filho, toda a família em frente da TV. E o retorno tem sido muito bom. Recebemos muitas mensagens durante nossas transmissões. Não somos um canal esportivo, mas qual canal aberto hoje passa três jogos por fim de semana? Nenhum", disse João Monteiro de Barros Neto, diretor do canal e filho do fundador João Monteiro de Barros Filho.

"Por ser um canal religioso, a característica da Rede Vida é não agredir, não dar ênfase aos tumultos que acontecem dentro de campo e brigas. Tem muito locutor que quando vê uma jogada mais ríspida diz que tal jogador deveria ser preso por fazer aquilo. A gente pede tranquilidade. Mas não existe diferença nenhuma em narrar futebol em um veículo tradicional ou em um canal religioso", disse Luiz Carlos Fabrini.

O canal possui uma parceria com a Federação Paulista de Futebol (FPF), que cede os direitos de transmissão das divisões inferiores de seus campeonatos. A Rede Vida influencia na montagem na tabela e pode solicitar a mudança de horários dos jogos para adaptá-los à sua grade.

Mesmo com o grande alcance que tem em todo o Brasil, o canal atualmente não conta com nenhum patrocinador para as suas transmissões.

"Não temos lucro, nem prejuízo. Trabalhamos dentro de um equilíbrio operacional", explicou Monteiro Neto.

A equipe da Rede Vida conta com três narradores, três comentaristas e três repórteres.

"Nos últimos anos temos feito mais transmissões dentro do estúdio. Antes, era viagem para tudo que é lado, mas eram muito dispendiosas", disse Fabrini.

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Hoje, os únicos que rodam o interior paulista com frequência são os repórteres. E eles viajam muito para acompanhar de perto equipes que talvez você nunca tenha ouvido falar ou de que há muito tempo não escutava como: Cotia, Santacruzense, Batatais, Votuporanguense, Barretos, Catanduvense, entre outros.

"O futebol do interior é rico em histórias, tem jogadores que vêm de todas as partes do país. E conseguimos colocá-los em evidência, mostrá-los para suas famílias. Temos cumprido este trabalho com muita eficiência", completou Fabrini.

Fábio Aleixo
Do UOL, em São Paulo

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