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Narração de jogo de 6h42 teve fast food e batimentos cardíacos acelerados

UOL Esporte

09/03/2015 17h35

eusebio

Em 18 anos trabalhando no SporTV, sendo 17 como o principal narrador de tênis do canal por assinatura, Eusébio Resende nunca viveu um dia tão atípico como o último domingo. Quando acordou em sua casa no Rio de Janeiro e se dirigiu aos estúdios da emissora mal poderia imaginar que narraria um jogo histórico, o mais longo da Copa Davis e de sua carreira e o segundo mais longo da história do tênis mundial.

Foi Eusébio quem levou a todo o Brasil as emoções do jogo entre João Souza, o Feijão, e Leonardo Mayer. Uma partida que teve 6h42 de duração e terminou com vitória do argentino por 15 a 13.

"Essa (transmissão) dá para colocar no currículo, com certeza.  Quando você sai de casa, nem imagina ter a possibilidade de fazer um jogo assim. Até então, a maior partida de tênis que tinha feito em minha carreira fora no Masters. 1000 de Roma de 2006, quando o Nadal ganhou do Federer em 5h05", disse em entrevista ao UOL Esporte.

Durante os torneios de Masters 1.000 e Grand Slams, Eusébio está acostumado a ficar no ar entre sete e oito horas. Porém, neste período faz de dois a três jogos. Nada parecido com o que aconteceu no domingo.

"Geralmente, nos grandes torneios, são três histórias diferentes para se contar. Em um jogo só, você precisa ter um nível de concentração muito grande para mostrar tantas variações e nuances. E quando vai chegando no momento decisivo, como foi o quinto set, você não pode se ausentar. Não dá para sair nem para ir ao banheiro e deixar o comentarista falando um pouco mais, pois o jogo podia acabar a qualquer momento. Você precisa se concentrar demais para transmitir a emoção, pois o fim do jogo é o ápice", afirmou.

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E no duelo entre Feijão e Mayer foram várias as idas ao banheiro e até um almoço improvisado na cabine. Tudo para suportar a maratona.

"Ontem, pedi para ligarem para um fast food e pedirem comida. Eles (produtores) trouxeram na cabine e entre um set e o outro, quando o intervalo é um pouco maior, deu para comer sem problemas. E claro que durante o jogo, vou me alimentando com uma banana, uma maçã, uma barrinha de cereal. E também bebo muita água para manter a voz. Precisei também usar um spray de própolis", disse Eusébio.

O narrador também contou que viveu um momento de bastante euforia no quinto set, quando Feijão quebrou o saque de Mayer no 11º game e sacou tendo a oportunidade de fechar a partida em 7 a 5 e garantir o Brasil nas quartas de final.

"Ali, quando eu vi que ele podia ganhar o jogo, meus batimentos cardíacos aumentaram bastante. Foi o momento de maior euforia, mas aí ele foi quebrado e veio aquela ducha de água fria. Mas não ficou uma frustração por não poder ter narrado uma vitória do Feijão. Se existisse empate, este jogo deveria ter acabado empatado", disse.

A partir deste empate de 6 a 6 e o extremo equilíbrio no marcador, o narrador se deu conta de que poderia estar entrando para a história narrando o jogo mais longo da Davis.

"Eu e o Narck (Rodrigues, comentarista)começamos a pesquisar os jogos mais longos. Quando a partida chegou a seis horas de duração vi que estava perto de se quebrar um recorde", completou Eusébio que só lamentou um pouco não ter narrado o jogo in loco, em Buenos Aires.

"Fisicamente não saí cansado da transmissão, nem mentalmente. Como o jogo vai e volta, você tem espaço para fortalecer a cabeça de novo", afirmou.

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Depois da longa maratona de Feijão, Eusébio teve 20 minutos de folga antes de narrar o início do jogo entre Federico Delbonis e Thomaz Bellucci, que depois de 41 minutos foi encerrado por falta de luz natural.

"Sabia que o jogo não iria terminar no domingo e comecei a transmissão. Caso o jogo fosse terminar ontem mesmo, com certeza dariam um jeito de trazer outro narrador (risos).

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