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O dia em que um repórter da Globo ajudou a furar o boicote da CBF

UOL Esporte

24/02/2015 06h00

Passados tantos anos – quase 40 – o som assustador seguido da ordem dita em voz nada amistosa ainda persegue Wanderley Nogueira.

Foi na têmpora direita, antigamente coberta por imensa cabeleira, que a arma, após engatilhada – o tal som inesquecível – foi encostada. Um fuzil? Uma metralhadora? Ele não sabe, nem olhou. Apenas levantou os braços ao ouvir o "quieto, hombre".

Na busca por um telefone – nada de celular, daqueles telefones pretos mesmo – Wanderley havia se perdido. Buscado uma casa. Que não era casa, era a central nuclear do México.

Levado a quem mandava – e mandava muito – Wanderley, o repórter, falou e falou em voz mansa e conquistou quem mandava.

No dia seguinte, os ouvintes da rádio Jovem Pan ouviram a primeira entrevista coletiva de Telê Santana em terras mexicanas, onde buscava a redenção do título perdido havia quatro anos, com a voz saindo através do telefone preto do exército mexicano.

Como comandar uma entrevista é a primeira lição de Wanderley Nogueira. Outras são dadas, sem didatismo, para quem vai entrevista-lo.

A conversa está marcada para as 15h30 e quinze minutos antes, ele avisa, por telefone, que está pronto. Chega para falar com um roteiro pronto, baseado no que foi combinado no primeiro contato.

Quer histórias interessantes? Ele traz uma lista imensa. E, de brinde, uma quantidade enorme de credenciais que mostram sua passagem pelo mundo.

E ele vai falando, o dia em que Mauro Naves o ajudou a furar um boicote imposto pela CBF e a surpresa ao saber que jogadores da seleção brasileira tinham balada marcada após a eliminação para a França, na Copa do Mundo de 2006.

Uma carreira que foi tomada pela paixão desde o primeiro dia. Para inicia-la, trocou um salário cinco vezes maior pela adrenalina da notícia.

Em busca de informação, perdeu domingos com a família. Praticamente não esteve nos aniversários dos filhos Patrícia – jornalista e atriz – e Rodrigo – fisioterapeuta que cuida de pessoas com dores intensas, usando até hipnotismo em seu trabalho.

Na criação dos filhos, foi coadjuvante da mulher, Nilde. "Ela foi mãe, pai e dona da casa", diz.

E a parceria continua. Wanderley Nogueira comandou, uma vez mais, a cobertura do carnaval paulista na Jovem Pan. Onde mais?

Acompanhe, nos vídeos, algumas das muitas histórias que Wanderley Nogueira tem para contar. Histórias interessantes, a história de sua vida.

Luis Augusto Simon
Do UOL, em São Paulo

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