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Como a ESPN apostou na transmissão do Super Bowl e se deu bem

UOL Esporte

01/02/2015 10h00

A temperatura estava em 10 graus negativos em Nova York, no dia 30 de janeiro de 2014. Na véspera do Super Bowl 48, o narrador Everaldo Marques mostrava curiosidades da cidade e os bastidores da cobertura da ESPN para a final do futebol americano, em um programa transmitido ao vivo pela internet. Everaldo e o comentarista Paulo Antunes estavam diante de um tobogã gigante, de 18 metros de altura, montado em um espaço para promover o Super Bowl, quando o produtor os avisou que havia conseguido autorização para que um deles descesse pelo escorregador gigante.

Paulo Antunes foi o primeiro a falar: "É Everaldo Marques, vai lá, Evê!" O narrador não havia combinado nada com o colega, e nem deu tempo de avisar que ele tinha medo de altura. "Dei uma olhada e achei que não era tão alto assim… Talvez tenha sido meu maior erro na carreira", brinca Everaldo, relembrando a história ao UOL Esporte. "Pânico total, eu desci gritando, berrando, foi ridículo… Mas tudo bem, eu estava no espírito da brincadeira", conta rindo.

É com essa disposição que Everaldo Marques e a equipe da ESPN se dedicam, pelo sexto ano, à cobertura in loco do Super Bowl, a final da temporada do futebol americano que atrai atenções do mundo todo e tem números espetaculares. Em 2014, a final quebrou pela quarta vez em cinco anos o recorde de audiência nos Estados Unidos, se tornando o evento mais assistido da história da TV no país, com 111,5 milhões de telespectadores.

Para fazer uma cobertura à altura do evento, a ESPN envia sua equipe uma semana antes da final, acompanhando tudo "in loco". Ao todo, dez profissionais estão no Arizona para relatar o clima do Super Bowl entre New England Patriots e Seattle Seahawks para o canal e o site, inclusive com programas de bastidores como o que mostrou Everaldo Marques descendo do tobogã gigante em Nova York, no ano passado.

A aposta

Mas nem sempre foi assim. A primeira cobertura in loco ocorreu em 2009, e foi inesperada, como conta Everaldo. "Começaram a perceber lá atrás que essa febre com o futebol americano tinha muito retorno", relembra. A interação dos telespectadores durante os jogos passou a chamar a atenção do canal, numa época em que as redes sociais não eram tão usadas e a maioria das mensagens era enviada por e-mails.

"A gente recebia mais e-mails do que a maioria dos jogos de futebol, perdia só para jogos com times como Real Madrid, Barcelona e Manchester United. Mas de um jogo mediano, a interação no futebol americano ganhava de longe", conta. O canal começou a perceber o retorno e, ao mesmo tempo, estava investindo em coberturas in loco de jogos de futebol como os da Liga dos Campeões.

Na véspera do Super Bowl 43, em 2009, José Trajano, então diretor de jornalismo da ESPN, decidiu arriscar e inovar com uma transmissão também do futebol americano. "Deu a louca no Trajano, e ele falou 'Vamos mandar'", lembra Everaldo. Mas a primeira cobertura foi bem diferente da atual: a equipe tinha apenas cinco pessoas, e precisou se virar bastante.

"Fomos literalmente com a cara e a coragem. Por exemplo, a conexão com a internet era péssima, me lembro do produtor e do câmera até uma hora no corredor do hotel para enviar uma matéria". Com o passar dos anos, a equipe passou a ter mais estrutura e auxílio também dos canais da ESPN da América Latina e dos Estados Unidos.

Everaldo conta com carinho as histórias das transmissões passadas e se orgulha de narrar o Super Bowl. "É o produto esportivo de televisão mais bem acabado que existe. As principais emissoras de TV no mundo são americanas, a vanguarda de tecnologia de TV esta lá, eles colocam o que tem de melhor no futebol americano", descreve. "Você vê coisas na cobertura que depois outras TVs vão usar em outras situações. Super Bowl é como se fosse uma final de Copa do Mundo todos os anos, pela audiência, pela atenção, pelo espetáculo que atrai".

O narrador vê também outra vantagem do Super Bowl em relação a outros eventos esportivos. "Copa do Mundo e Olimpíadas geralmente estão diluídas em muitas emissoras, você tem várias opções. O Super Bowl, na TV por assinatura, é exclusivo da ESPN, e é muito legal saber que quem está vendo o jogo está com você", explica.

Everaldo comemora também que o Super Bowl tenha se tornado cada vez popular por aqui. "Às vezes, as pessoas não acompanham a temporada toda, mas as pessoas se reúnem na casa de alguém, fazem uma festa, passam o dia inteiro juntas. Os bares e restaurantes, salas de cinema transmitem… Está virando um evento social relevante no calendário do brasileiro".

Para firmar 

O pontapé inicial do Super Bowl 49 entre New England Patriots e Seattle Seahawks será às 21h, no horário de Brasília, mas a ESPN fará um programa especial antes da final, a partir das 19h. "A gente vai entrar no ar duas horas antes do jogo, será o Abre Jogo mais extenso de todos que já fizemos".

Na primeira vez que a equipe do canal fez o Abre Jogo de um estádio de Super Bowl, em 2009, o programa durou meia hora. "Nesse ano vamos ser mais ousados. É para firmar mesmo. Para colocar o máximo de informação e histórias, apresentar o máximo de personagens e dar ao evento a dimensão que tem", define Everaldo.

Camila Mamede
Do UOL, em São Paulo

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