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Repórter espanhola está de despedida e vê exagero brasileiro por 'musas'

UOL Esporte

22/01/2015 06h00

(Crédito: Thiago Fernandes/UOL)

(Crédito: Thiago Fernandes/UOL)

Entre 2013 e 2014, você ouviu falar mais de uma vez sobre a jornalista do diário As escolhida como "musa" da cobertura da seleção brasileira. Era a espanhola Patrícia Dominguez.

Porém, passada a Copa do Mundo de 2014, Patrícia experimenta suas últimas semanas no Brasil. No fim de fevereiro ela volta a Barcelona. Morando no Rio de Janeiro,, admitiu que prefere deixar em segundo plano o rótulo de musa ao qual foi elevada – a ponto de ter seu perfil no Twitter seguido por sites de fofocas, à espera de novidades sobre sua vida.

"Já aconteceu de me dizerem. É bastante tranquilo. Se é para ser reconhecida pelo trabalho, é bom. Mas se é por isso ou aquilo que disseram… Eu não saí do meu país para ser conhecida por isso ou aquilo", comentou Patrícia, em entrevista por telefone ao UOL Esporte. "Eu já coloquei na parede do meu quarto algumas páginas de alguns jornais daqui. Foi um presente também, mas prefiro que se reconheça também o trabalho."

No Brasil, Patrícia se espantou com o noticiário esportivo, graças ao grande volume de manchetes sobre a vida pessoal nos bastidores. Embora a imprensa europeia tenha espaço exclusivos para tal, como o Balón Rosa (do jornal catalão Sport) ou o blog Fuera de Juego (do madrileno Marca), o fato surpreendeu a jornalista.

"No Brasil é pior. O Brasil gosta mais de fofoca do que lá. Aqui, dá-se muita importância às coisas fora de campo. Mas lá também tem. Agora, estão falando que o Cristiano Ronaldo terminou com a namorada – mas é o Cristiano Ronaldo. No As, vai aparecer, mas os problemas mais sérios não aparecem", analisou ela, que reconhece sem problemas uma cobertura mais polarizada entre os jornais de Madri e Barcelona.

"O As sabe que é mais Real Madrid que Barcelona, e que também é Atlético de Madri. Mas hoje em dia não é tão assim. A diferença é que os jornalistas dizem que torcem. A gente sabe quais são (os torcedores na imprensa). Aqui, acho que é mais discreto. Lá é mais mais Barça ou Real Madrid", disse.

A trajetória de Patrícia entre sair da Espanha e chegar ao Brasil é curiosa. Além de ter trabalhado em eventos ("não chega a ser modelo"), a jornalista frequentava os estúdios de TV da Catalunha, onde nasceu. passou pela Barça TV, do Barcelona, além de outros canais nacionais, como o Telecinco. Decidiu vir por conta própria ao Brasil para cobrir os eventos. "Eu vim sozinha. Na verdade, eu queria viver uma experiência de Copa das Confederações, e tinha um namorado brasileiro. Fui para Goiânia, não deu certo, aí vim para o Rio sozinha", completou.

Passadas a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, a jornalista espanhola continuou no Brasil. Não apenas como correspondente do As, mas também do programa La Portería (do canal BTV), e ainda trabalhando para as escolinhas do Barcelona no país. Ela pretendia ficar até 2016 , mas as saudades de casa, porém, devem mudar seus planos. "Volto para a Espanha, para Barcelona, em março. A ideia é voltar (ao Brasil) para as Olimpíadas no ano que vem, mas já não quero ficar tanto tempo longe da minha família e amigos. Então, vou voltar para trabalhar. De repente, com o As lá. E tem uma TV de um programa esportivo que me fez uma proposta lá", completou.

(Crédito: Pedro Ivo Almeida/UOL)

(Crédito: Pedro Ivo Almeida/UOL)

Com as malas quase prontas para voltar para a Espanha, Patrícia já admite sentir falta dos brasileiros, que segundo ela, são "supergentis". Em compensação, não sentirá tanta falta das filas de clientes em determinados serviços

"Depois que você mora aqui, você vê a realidade do Brasil. Lá, as amizades são maiores, os transportes funcionam melhor – apesar de que, graças a Deus, nunca aconteceu nada comigo. Quando você assiste à televisão, fica com medo, e tem que estar sempre de olho. Aqui é mais devagar, e tem fila no supermercado, no banco. Tudo é paciência. É cultural mesmo", conta ela, apontando também destaques positivos de sua estada no Brasil.

"Fui bem tratada por todo mundo aqui, e sempre que volto para a Espanha, fico com muitas saudades do Rio, porque aqui há uma energia diferente. Acho que meu coração vai estar sempre dividido", completa. "Neste ano, vou desfilar no Carnaval do Rio, no Sambódromo, com mais uma galera espanhola. O Carnaval do Rio é uma das coisas mais lindas que eu já vi, e este ano vamos ter a oportunidade de desfilar. Sou um pouco carioca já", completou.

Emanuel Colombari
Do UOL, em São Paulo

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