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Mauro Beting ganha novos fãs. E não é pelos seus comentários na vida real

UOL Esporte

10/12/2014 12h00

Montagem sobre foto de divulgação/UOL

Desde 2010, Mauro Beting se acostumou a receber ligações dos amigos com reclamações. "Mauro, não aguento mais ouvir a sua voz". As conversas, claro, são provocações bem-humoradas com a mais inusitada das funções do jornalista: comentarista de videogame.

Mauro é, ao lado de Sílvio Luiz, a voz oficial da série Pro Evolution Soccer, uma das mais importantes franquias de futebol virtual do planeta. E já é mais conhecido, pelo menos entre as crianças, pelo PES do que por seus trabalhos na TV ou no rádio (no cinema, na internet ou em livros, também).

"Essa é uma das coisas mais interessantes desse trabalho. É uma geração nova que está sendo atingida. Uma das histórias que mais gosto aconteceu em um shopping. Um pai me parou e virou para o filho: 'Olha só, esse é o Mauro Beting, o moço que fala no seu videogame'. O garoto devia ter uns oito, nove anos. E ficou olhando como se tivesse visto um personagem, não uma pessoa real. Ele parecia estar tentando entender: 'O que é isso? Esse cara existe mesmo?' É bem divertido", diz o jornalista.

A bronca dos amigos é um efeito colateral desse fenômeno. Ao se tornar uma das vozes do jogo, Mauro passou a estar muito mais presente na casa das pessoas. Pelo menos em voz. "A maioria dos amigos que têm filhos brinca com isso. O Washington Olivetto já disse que pediu para os filhos trocarem a narração para o inglês, para não ter de ouvir mais a minha voz. Me ligou falando 'Mauro, não dá. É entrar em casa e você já vai falando. Ainda se fosse um corintiano, tudo bem. Mas um palmeirense… Não dá'".

Mauro e Silvio Luiz fazem uma dupla entrosada. Os dois foram eleitos em uma votação pela própria produtora do game, a japonesa Konami, com fãs brasileiros. O trabalho é anual, roteirizado pelo Japão e traduzido na Irlanda. Os textos são genéricos, para que possam ser usados em lances tanto de Real x Barcelona, na final da Liga dos Campeões, quanto em um jogo do Brasileirão.

O narrador até tem liberdade para inserir alguns floreios. É por isso que Sílvio Luiz aparece com seu "Pelo amor dos meus filhinhos", mas Mauro é mais contido. "De todas as coisas que faço hoje, acho que os comentários do PES são os menos autorais, por todas as amarras que existem. Ainda assim, é um desafio muito grande. É complicado você comentar algo que você não está vendo. Normalmente, um comentarista descreve o lance para analisar. Aqui, não tenho isso".

Ao longo dos anos, porém, os comentários estão evoluindo. "Nessa nova versão, por exemplo, já temos três níveis de emoção, do amistoso, passando pelo jogo de campeonato até a final de Copa do Mundo. É bacana porque, assim, conseguimos enquadrar todos os aspectos do jogo".

Para terminar: uma curiosidade: Mauro não fala o nome do game Fifa, o grande rival da série PES. "Eu chamo de o concorrente, mas é uma concorrência sadia. Eu adoro o trabalho que o Tiago Leifert e o Caio estão fazendo. E eu poderia estar lá, no concorrente, que me fez uma proposta anos antes do PES. Mas foi melhor assim".

Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo

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