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Como uma jornalista foi envolvida sem querer no fim do casamento de Mathäus

UOL Esporte

25/09/2014 06h00

A jornalista Delisiée Marinho, 37, tem na sua carreira um exemplo de que um boato pode repercutir mais que uma vida profissional inteira. Enviada da Globo à Olimpíada de Atenas em 2004, foi uma das repórteres que mais emplacou matérias no Jornal Nacional. Mas ela é mais lembrada como suposto affair de Lothar Mathäus na passagem do ex-jogador como técnico do Atlético Paranaense.

O ídolo do futebol alemão chegou a Curitiba para treinar o time em 2006, ano seguinte da equipe fazer a final da Libertadores. A passagem que deveria marcar a mudança de patamar do Atlético Parananese durou dois meses. Foi abreviada pelo pelo rumor de que Mathäus estaria traindo a mulher com uma repórter da televisão local. Hoje, Delisiée se arrepende de não ter procurado a Justiça.

De família tradicional na cidade, ela foi uma das pessoas consultadas pelo assessor de Mathäus para indicar locais interessantes de Curitiba. Sugeriu mostrar o Graciosa Jockey Club e um almoço foi marcado. Um professor de tênis que trabalhava no clube pediu para tirar uma foto com o trio (a jornalista, o alemão e o assessor) e depois somente de Deslisiée, conhecida no Paraná por ser jornalista da filial da Globo no estado, e o treinador. Passadas algumas semanas, a imagem apareceu na Revista Placar e na legenda estava escrito tratar-se de Mathäus e sua mulher.

Não demorou para a informação chegar à Alemanha. O casamento do ex-jogador desmoronou pouco depois. Não se sabe se por causa do boato ou não. Para a história, a foto contribuiu para o fim do casamento. Mathäus teria ouvido um ultimato da verdadeira mulher, Marijana Mathäus: deixar o Brasil ou nunca mais ver os filhos. O técnico voltou para Munique, mas o relacionamento acabou no ano seguinte.

Enquanto isso Delisiée foi apontada como culpada pela saída do técnico por um grupo de torcedores. Ela diz não ligar para opinião deles que, no seu entendimento, tem o mesmo comportamento daqueles que chamam jogadores de macacos nos estádios. E reclama dos causadores da confusão.

A história começou quando o professor de tênis entregou a imagem para um fotógrafo que vendeu à revista. A jornalista não tem dúvidas de que houve má fé na elaboração da legenda porque era conhecida no meio esportivo e não havia como ser confundida com a mulher de Mathäus. Depois houve publicação de errata e Delisiée recebeu uma ligação do editor, nada que resolvesse a situação. O assunto chegou a internet e – deste ponto em diante – tornou-se incontrolável.

Antes de deixar o país, o treinador encontrou o fotógrafo envolvido no caso no saguão do hotel em que morava em Curitiba. Os dois discutiram e o alemão recebeu um soco no rosto, como publicaram o blogueiro do UOL Juca Kfouri e os jornais de Curitiba. Delisiée afirma que deveria ter processado a revista, o fotógrafo e o professor de tênis. Mas, na época, era jovem e deixou a situação de lado. Hoje, precisa explicar para as pessoas o que aconteceu porque com frequência é questionada sobre o episódio. A jornalista conta ainda que mais tarde Mathäus entrou em contato para pedir desculpas pela situação criada.

Ela acrescenta que o treinador não deixou o Atlético Paranaense por causa dos boatos, mas porque não podia sair nas ruas que ouvia xingamentos. O convívio era bem diferente de Munique, onde os torcedores respeitavam um homem que jogou cinco Copas do Mundo e levantou o tricampeonato como capitão da seleção alemã em 1990.

Apesar dos problemas causados, declara que o episódio nunca atrapalhou sua carreira. Indicada pela universidade, ela começou a estagiar na afiliada da Globo no último ano de Curso de Jornalismo. Pediu licença da emissora por dois anos para fazer pós-graduação na UCLA, em Los Angeles. Aproveitou o tempo também para vários saltos de paraquedas, afinal gosta da adrenalina correndo pelo corpo. Na volta, virou repórter.

Fazia as matérias para o Jornal Nacional e Jornal da Globo que tratavam de Curitiba. O trabalho a levou para o time de repórteres enviado a Atenas para cobrir as Olimpíada de 2004. O passo seguinte foi mudar de cidade e se tornar apresentadora do Sportv em São Paulo. Por indicação de um diretor, se matriculou num curso de teatro em 2006. A desenvoltura e falta de vergonha em se expor a transformaram na melhor aluna da classe.

Depois de dois anos se sentiu numa encruzilhada. Dona de uma carreira bem-sucedida, não se sentia realizada com o trabalho e os convites para peças apareceram. Delisiée ouvia muita gente falando estava louca, mas largou tudo para ser atriz.

Em 2008, ela deixou a televisão e se jogou no teatro. Trabalhou ainda de curta metragens e e três gravações da Rede Globo, incluindo participação na novela Viver a Vida. Também aparece no filme "Os homens são de Marte… e é pra lá que eu vou". A jornalista que chegou a chorar ao se desligar da televisão foi muito feliz nos cinco anos afastada.

O reencontro com os estúdios ocorreu em uma conversa informal. Durante um encontro, Delisiée comentou com o comentarista Álvaro José e o narrador Nivaldo Prieto que sentiu saudades de grandes coberturas ao assistir os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi (em fevereiro de 2014). Ficou sabendo na hora que a Fox Sports estava montado equipe para Copa do Mundo no Brasil. Dali mesmo os amigos entraram em contato com a emissora. Em uma semana a atriz virou apresentadora.

Delisiée comenta que no retorno percebeu a diferença ocorrida nas matérias de esporte no período em que esteve afastada. Na avaliação dela, antes as reportagens eram tão sérias quanto a das outras editorias e agora é tudo mais descolado. Ela gostou da mudança e também sentiu que os tempos no teatro ajudaram no desempenho em frente as câmeras.

Mas passada a Copa o contrato expirou. Novas sondagens surgiram, mas falta uma proposta concreta e se ela aparecer Delisiée não viverá outro drama. O gosto por fazer televisão voltou.

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