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Falcão se inspira em Galvão para voltar à TV, mas diz que ainda é técnico

UOL Esporte

05/04/2014 06h00


Paulo Roberto Falcão deixou o posto de comentarista da TV Globo em 2011 e resolveu retomar sua carreira de treinador, passando por Internacional e Bahia. Sem muito sucesso à beira do gramado e diante de inúmeras críticas e questionamentos sobre o futuro, teve um ano sabático em 2013 e aceitou um convite da Fox Sports para ancorar um programa durante a Copa do Mundo deste ano. E o ex-jogador já sabe até em quem se inspirar no novo desafio: Galvão Bueno.

"Fiz muitos amigos na minha outra passagem na TV. O Galvão certamente foi o principal deles, meu irmão mesmo. Convivemos e aprendemos muito em viagens e transmissões. Foi um período de muitas trocas e eu espero utilizar isso agora. É um cara que sempre me incentivou e me valorizou muito. E o bom é que não terá concorrência, até porque estarei em um canal fechado", brincou Falcão.

"Cada um tem a sua maneira de trabalhar, mas é claro que eu aprendi muito com ele e acabarei usando. O Galvão é um craque, um ícone. É muito bom no que faz e serve de inspiração para mim também. Ele sempre se preparou muito, estudou bastante, e eu também irei fazer isso. No resto, é inspiração e transpiração. Tentarei ter o meu jeito. Se eu tiver condição de ter 10% do sucesso dele, já estarei feliz. Ele é insuperável", comentou o novo integrante do time da Fox.

Engana-se, no entanto, quem pensa que o ex-jogador não quer mais saber da vida nos campos. Cada vez mais perto da Copa, Falcão já se prepara para o novo desafio diante das câmeras, mas não esquece do cargo exercido até bem pouco tempo.

"Tenho essas duas possibilidades [comentarista e treinador] e acho que tenho competência para cumprir bem as duas funções. Não quero fechar portas em nenhuma das duas. Não tem essa de ex-treinador. Por exemplo, quando eu fui para o campo ser técnico não poderia ser chamado de ex-comentarista", frisou o "Rei de Roma" – como ficou conhecido durante a passagem pelo futebol italiano, na década de 80.

"Sempre podemos retomar as atividades. E agora ocorre justamente isso. Tenho um contrato com a Fox até a Copa e ainda não sei o que farei depois. Posso seguir na TV, posso voltar aos gramados. Mas não dá para afirmar que sou um ex-treinador. E eu tenho essa vontade de ser técnico. Os amigos ainda me chamam de loucos, dizem que minha trajetória está consolidada, mas eu gosto de desafios. No início deste ano, por exemplo, estive muito perto de fechar com um grande clube brasileiro. Mas ficamos de conversar depois de julho. É uma possibilidade", revelou Falcão.

Ainda sobre o trabalho no comando de equipes, o comentarista mostrou não concordar com as críticas sofridas pelos últimos trabalhos e ainda valorizou as passagens por Internacional, Bahia e até seleção brasileira, dirigida por ele entre 1990 e 1991.

"Não acho que fui avaliado da maneira correta. Não me vejo como um treinador ruim. Fiquei três meses no Internacional, não tive reforços e ainda ganhei um turno do Gaúcho e saímos da Libertadores para o time que chegou à final [Peñarol]. No Brasileiro, fiquei dez rodadas e saí com o time a quatro pontos do G-4. No Bahia, fiz o que poderia. O Paulo Angioni [diretor] me deu toda a estrutura, mas o elenco tinha limitações. Não dava para ir mais longe. O erro no Brasil é essa avaliação prematura. Me deixem trabalhar 10 anos em um local com todas as condições e aí sim eu aceitarei as avaliações", ponderou Falcão, complementando.

"Na década de 90, eu fiz um bom trabalho na seleção. Os resultados não vieram, e isso é cruel no futebol, mas o Parreira sempre elogiou aquela renovação feita por mim que acabou culminando com o título deles de 1994".

Por fim, o apresentador e treinador – sim, ele ainda gosta de ser chamado assim – explicou a nova função na Fox e mostrou que a postura "anti-polêmica" será mantida mesmo longe da Globo.

"É um desafio novo. Não serei comentarista, mas sim um âncora. É claro que vou dar meus pitacos, mas evitarei muito. Minha preocupação será outra. E eu não quero criticar sem base, já vivi os dois lados e sei que não é bacana. Eu não posso, de dentro do estúdio, querer falar sobre o ambiente no vestiário da seleção. Isso não é correto. E vejo muita gente fazendo isso. Hoje, por exemplo, eu não posso querer comentar a saída do Renato Gaúcho do Fluminense. Estou em Porto Alegre, não posso me basear apenas no que leio por aí. Não é justo", finalizou.

Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro

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