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Solera faz questão de ir a campo para narrar VT e minimiza elogio de Galvão

UOL Esporte

17/12/2013 06h00

  • Folhapress


São 56 anos de profissão, mas sem se cansar em nenhum momento. É movido pelo amor às narrações e pela emoção dos jogos de futebol que Fernando Solera, 81 anos, ainda continua ativo nos microfones e com muita disposição para gritar gol.

O narrador da TV Gazeta começou sua carreira em São Paulo na Rádio Difusora em 1957. Passou pela rádio e TV Bandeirantes e na TV Record, até chegar à Gazeta, em 1989, onde vive rotina que lhe deixa satisfeito.

"A coisa que eu mais gosto é ver gols. Gosto de ver as coisas acontecerem, ver aquela jogada que dá um baita prazer de acompanhar. Jogadas como as de Neymar, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo…são coisas que eu vejo no futebol e que me prendem a ele", falou Solera.

O segredo para a longevidade, segundo o jornalista, é não só gostar do que faz, mas também preservar a voz e se atualizar para ter conhecimento do que se passa no gramado.

"Narrador tem que ter voz em ordem, conhecer o esporte e ter disposição. Ninguém será um grande chefe de cozinha se não gostar de fazer comida. Ninguém faz tarefa bem sucedida se não fizer com gosto. Juntei todas essas coisas", contou.

Solera narra jogos que passam em VT antes do tradicional programa Mesa Redonda, que vai ao ar nas noites de domingo. Mas faz questão de ir ao estádio e fazer a narração como se o jogo estivesse sendo ao vivo para dar o real tom de como foram as jogadas.

"Faço questão de ir ao estádio. Chego 13h30 na posição de comentarista e fico lá decorando os times. Faço o jogo inteiro como se tivesse ao vivo, no ar. Depois de gravado eu até poderia assistir e sonorizar, mas isso não é narrar. Narração é quando acontece. Mas prefiro fazer assim. Todos aqui fazemos dessa maneira, com jogo rolando. A gente se surpreende, se empolga, vendo aquilo que acontece na hora. Caso contrário, a qualidade de serviço não tão boa. Por mais que a gente se esforce, pode sair falso (narrar em cima do VT)."

Solera já foi elogiado diversas vezes pelo narrador da TV Globo Galvão Bueno, com quem trabalhou nos tempos de TV Bandeirantes. Por diversas vezes, Galvão citou o narrador da Gazeta como alguém com quem aprendeu muito. Mas o fato é minimizado.

"Se ele fala de mim é por amizade, eu não ensinei nada pro Galvão. Ninguém ensina um cara como ele. Ele aprendeu na faculdade, na prática esportiva. Tem um talento muito dele, voz agradável. Ele já chegou feito. Fazíamos coisas juntos quando fomos companheiros. Até que ele foi pra Globo e decolou. Quando eu saí da Bandeirantes, ele já estava na Globo", falou.

"Ele continua sendo o número um da TV, é incomparável. Há uma distância grande entre ele e o segundo colocado, o Galvão que eu conheci continua sendo espetacular."

O veterano narrador criou um dos bordões mais famosos em décadas passadas, quando trabalhava na TV Bandeirantes. "O melhor futebol do mundo no 13", dizia o jornalista ao iniciar as transmissões. Hoje, Solera tem no mais famoso bordão de hoje a palavra "pronto" ao anunciar o início de um jogo.

"Eu nunca fui muito um cara de bordões, mas apreciava muito Geraldo José de Almeida (ex-narrador que criava bordões). Tem muitas outras coisas da narração que eu gosto, que é ver, ter opinião e passar sua posição. Mas às vezes surgem alguns bordões. Inventei, de repente, meio que sem querer, esse negócio de ´pronto´ e ficou. Mas foi por acaso, o meu estilo não é tanto apegado a bordões."

O experiente jornalista não hesita quando perguntando qual foi o momento mais especial e que guarda com mais carinho em sua longa carreira.

"Meu momento marcante como narrador de esportes foi a participação da narração na Copa de 1970, porque foi a primeira vez que se fez uma transmissão ao vivo de Copa do Mundo. Essa foi a maior emoção, meu mais importante trabalho. Fiz a estreia do Brasil em 1970 e fiz o jogo final", lembrou.
 

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