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Narrador nº 1 do MMA ainda busca bordão e revela perrengues durante UFC

UOL Esporte

05/06/2013 06h00


Rhoodes Lima, à direita, junto ao comentarista Luciano Andrade (Divulgação)

Maurício Dehò
Do UOL, em Fortaleza

Rhoodes Lima não é reconhecido facilmente. Mas, para quem curte MMA, é só ouvir a frase "Calce suas luvas e vista seu protetor bucal!" para fazer a ligação. Hoje ele é a voz número 1 do canal Combate, que transmite todos os eventos do UFC, passando de 6h a 7h horas no comando do microfone em noite de lutas. Ele contou ao blog os perrengues de ficar tanto tempo no ar – com direito a tradicionais quedas de sinal – e afirmou que ainda busca um bordão pelo qual espera ser ainda mais lembrado.

Profissional de rádio no Rio de Janeiro, Rhoodes trabalha como locutor desde 1994, principalmente com programações musicais. Ao mesmo tempo, sempre nutriu uma paixão pelo jiu-jítsu, e isso foi o que o levou ao MMA.

"Em 2006, fui convidado a fazer testes e me tornei folguista no canal Combate. Era unir o útil ao agradável. Fazia eventos menores, gravados, depois passei a fazer também ao vivo. Em 2011, com a saída de outros narradores, eu assumi o posto principal na transmissão do UFC", conta ele., fã de Royce Gracie desde os anos 1990.

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A tarefa é gostosa, claro, mas não é das mais simples. O UFC é um dos eventos mais longos dos esportes, chegando a durar quase sete horas se for levado o tempo do card preliminar e o principal. E Rhoodes não pode ir para lugar algum.

"Com o UFC ficamos pelo menos cinco, ou até sete horas ao vivo. Cara, não dá tempo nem de ir ao banheiro (risos)", conta ele. "É bem mais longo que uma partida de futebol, até tem jogos de tênis longuíssimos, mas como há muitas edições do UFC, realmente é algo exaustivo. Procuro sempre descansar muito na noite anterior, evito comida pesada e tento dormir e manter a mente limpa no dia em que narro."

Os perrengues crescem de figura por outros dois motivos. Um deles é o fato de a transmissão brasileira ter poucos intervalos comerciais – e aí, quando ele poderia ir ao banheiro? – e a outra são as quedas de sinal, que sempre deixam o narrador tendo de dar aquela "enrolada" enquanto tudo não se reestabelece.

"Em relação a perda de sinal, o pessoal realmente malha a gente demais nas redes sociais. Mas tem de se entender que é algo da geração do sinal, pode ser só um problema meteorológico, e não podemos fazer nada. Quanto aos breaks, seguimos um protocolo da transmissão internacional. Então, é aquilo mesmo. Nós cobrimos os intervalos e perdas de sinal tentando analisar o que se passou, falar das próximas lutas e reprisar lutas. Temos de conseguir aproveitar bem esse tempo", analisou ele. Rhoodes conta ainda que as transmissões à beira do octógono são suas preferidas, quando se sente o calor do público e isso se transmite na locução.

Bordões, críticas e as lições com Galvão e Sérgio Maurício

Mesmo tendo o seu "calce suas luvas", Rhoodes nunca parou para tentar criar um bordão, de fato. Mas sabe que é importante ter frases que façam de suas narrações facilmente identificáveis.

"Quando o pessoal me para na luta, eles sempre falam o 'calcem suas luvas' e agora tem pedido pra eu falar 'vai virar um passageiro da agnonia'. Mas é algo que vai fluindo, nunca parei para inventar. Eu até acho que deveria pensar em uma coisa fácil e que pegasse. Mas ainda não pintou nada. Eu apenas tento encontrar meu caminho e imprimir minha marca", conta ele.

Por outro lado, ele elogia quem veio antes dele, como Sérgio Maurício, um dos pioneiros na transmissão do Combate, e hoje o nome mais comum nas transmissões de UFC da Globo.

"São nomes que eu respeito demais, são as minhas referências. O Sérgio Maurício, o Lucas Pereira, o João Guilherme", diz ele, citando os dois últimos que deixaram o canal Combate e que lhe deram lugar. "O Galvão também chegou com tudo com os 'gladiadores do terceiro milênio' e o Sérgio Maurício mantém muito bem o padrão."

Algo em comum entre eles – e muito comum para qualquer narrador – são as críticas, ainda mais nas redes sociais, simultaneamente ao evento. "Eu presto muito atenção nas críticas, tento aprender com os erros. Mas é verdade, o pessoal não deixa barato pra gente", ri Rhoodes.

Ele conta com sua experiência no jiu-jítsu para tentar ganhar respeito e para balancear os comentários entre todos os tipos de audiência que veem o UFC.

"Essa experiência de treinar ajuda muito para passar credibilidade, quando acontecem posições, você sabe bem do que está falando e fui pegando a prática de como poder falar sobre isso", diz ele, que tem também que ter cuidado para conseguir falar tanto para leigos quanto para especialistas.

"Tem que achar esse meio termo, sim. É uma preocupação, porque há uma linha tênue entre ser didático e não ser chato. Mas aí entra o papel do comentarista também. Eles são pilares da transmissão e cada um tem sua visão, há quem saiba mais de jiu-jítsu, e eu o aciono quando está no chão. Há quem saiba mais da luta em pé, e o mesmo acontece", completou.

Sobre o Blog

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