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Falta de combustível de Kanaan acaba com clima ufanista de transmissão da Indy

UOL Esporte

05/05/2013 14h49

O tom ufanista não é novidade nas transmissões esportivas brasileiras. A estratégia é sempre fazer o telespectador se identificar com o que está vendo na tela e torcer pelo herói do momento. E a etapa de São Paulo da Fórmula Indy seguia esse script com perfeição. Até um erro da equipe KV acabar com a corrida de Tony Kanaan – vencida por  James Hinchcliffe na bandeirada final.

O brasileiro ficou sem combustível no fim da corrida. E partiu o coração do narrador Luciano do Valle, o responsável pela corrida na TV Bandeirantes. "É uma pena", disparou o veterano, baixando o tom de voz, como se ele próprio tivesse sido derrotado (veja o trecho aqui: Kanaan fica sem combustível).

Quem acompanhou a transmissão desde o início sentiu a diferença. Mesmo sem explorar a superação do baiano, que competiu graças a analgésicos na mão seriamente contundida, Kanaan foi tratado como heróis nacional. "Vai Toni, segura aí!" e "Sensacional, Toni" foram algumas das frases usadas, aproveitando que o piloto andou sempre entre os primeiros no Anhembi.

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  • Arte UOL

Os problemas de Kanaan começaram em uma das relargadas, quando passou a perder rendimento. Ele adotou uma estratégia diferente de corrida e faria uma parada a menos do que os rivais. O combustível, no entanto, não bastou para chegar ao boxe para sua última parada. "Ó lá, está parando o Toni", lamentou Luciano. "Ele fez uma corrida excepcional", continuou o narrador (veja o momento em que o baiano chora neste vídeo).

O ufanismo também apareceu para Helio Castroneves, que largou atrás, chegou aos primeiros, mas acabou prejudicado por duas confusões no S do Samba. "Errou, passou reto Helio Castroneves… Ele estava muito entusiasmado", narrou Luciano, quando o mineiro era o terceiro (veja uma das batidas de Castroneves aqui).

Mas, sem Toni, restou a Luciano torcer por ele. Mesmo atrás e lutando apenas por uma vaga entre os dez primeiros – longe, portanto, do pódio. O melhor resumo da corrida (e uma aula de transmissão do narrador), aliás, foi do próprio veterano: "A gente vai mudando os objetivos dependendo do que acontece".

No final, ele provou que era possível. Vibrou (um pouco menos do que com brasileiros, é verdade…) com o duelo entre Takuma Sato, James Hinchcliffe e Josef Newgarden. "A prova merece, esse público merece um final de filme do Hitchcock. O público merece, com tudo o que aconteceu. E, principalmente, por como aconteceu. Pela falta de combustível. E o Toni estaria aí se não fosse isso".

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