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Casagrande diz que voltou a ter prazer em comentar e clama: "Sou imparcial"

UOL Esporte

19/04/2013 06h00

Crédito da imagem: Reinaldo Marques/TV Globo

Francisco De Laurentiis
Do UOL, em São Paulo 

O ex-jogador Walter Casagrande Jr. comenta futebol na TV Globo há quase 15 anos. Durante boa parte desse tempo, porém, seu trabalho não lhe deu nenhum prazer. Muito pelo contrário: era um incômodo.

A dependência das drogas fez com que Casão perdesse, pouco a pouco, o amor pelas transmissões. Perdeu até mesmo o amor por si mesmo, e chegou ao limite quando bateu o carro e entrou em coma, em 22 de setembro de 2007.

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Durante dois anos, ficou em tratamento para se livrar dos entorpecentes, longe até mesmo da família. Neste período, também ficou ausente das cabines, e só foi voltar à Globo em 2009.

Hoje, é um novo homem. Recuperado após longo tratamento, diz ter usado o tempo para repensar a vida. Recentemente, lançou sua biografia, e quer usá-la para ajudar dependentes químicos a buscar tratamento.

Em entrevista ao UOL Esporte, Casagrande diz que recuperou o "tesão" em trabalhar na TV, e que, diferente de outros tempos, agora sente prazer em comentar.

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Também disse quem são seus narradores e comentaristas favoritos, lembrou suas transmissões inesquecíveis e ressaltou sua imparcialidade, mesmo admitindo torcida e paixão pelo Corinthians.

Confira o bate-papo com Casão:

UOL: Depois de tudo o que você passou, qual o seu prazer em trabalhar com futebol?
Casagrande: Na realidade, agora é que eu tenho tesão em comentar futebol. Antes de me internar, de passar pelo tratamento [contra as drogas], não via o trabalho como uma coisa importante. Para te falar a verdade, eu não tinha satisfação nenhuma em comentar. Depois do tratamento, passei a ter uma visão melhor das coisas. Voltou o prazer de trabalhar, e, principalmente, de viajar. Essas últimas viagens para comentar os jogos da seleção, pra Suíça, Suécia, foram ótimas, muito agradáveis. Hoje, encaro o cargo de comentarista como minha profissão de verdade. É o que eu melhor sei fazer, e cada dia me esforço para fazer da melhor forma possível.

UOL: Acha que o fato de ser corintiano faz torcedores de outros times terem antipatia por você?
Casagrande: De jeito nenhum! Eu comento jogos há 15 anos e sempre fui imparcial, cara! Sou muito honesto naquilo que faço. Eu torço para o Corinthians desde pequeno, sempre falei, mas isso nunca me impediu de ser imparcial. Quando o Corinthians está mal, falo que está mal, e quando está bem, faço elogios. Mesma coisa para os outros times… (suspira). Mas vou te falar: o dia em que mais me senti à vontade [durante uma transmissão] foi na final do Mundial, Corinthians contra Chelsea. Naquele dia, não tinha problema torcer, porque o outro time era inglês. Fiquei de boa e torci pra caramba (ri)! Mas não acho que tenham antipatia comigo porque sou torcedor.

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Casagrande com a cantora Gal Costa, no programa "Altas Horas": comentarista vai voltando a curtir o trabalho (foto: Reinaldo Marques/TV Globo)

UOL: Falando nesse jogo, quais foram as transmissões que mais te marcaram?
Casagrande: Poderia citar várias, mas acho que a melhor de todas foi a final da Copa do Mundo entre Brasil e Alemanha, em 2002. Foi sensacional, indescritível. Essa e a final do Mundial de Clubes contra o Chelsea foram as que, certamente, mais mexeram comigo.

UOL: Como é trabalhar com Galvão Bueno e Cléber Machado?
Casagrande: É ótimo! Me dou muito bem com eles. Cada um tem um estilo muito diferente de narrar e comandar a transmissão, mas me dou muito bem com os dois. Eles conseguem tirar de mim muitas coisas, conseguem me envolver na transmissão e às vezes me ajudam a recordar algumas coisas que eu já nem lembrava mais. Temos um entrosamento muito legal.

UOL: Fora eles, quem são seus narradores e comentaristas favoritos?
Casagrande: Eu gosto muito do Milton Leite [narrador do Sportv], acho ele divertido, espontâneo. Gosto do Neto [comentarista da TV Bandeirantes], gosto do Caio [Ribeiro, comentarista da TV Globo]… Trabalhar com o Caio é ótimo, gosto muito de dividir os comentários com ele e com o Júnior [comentarista da TV Globo], acho legal quando temos opiniões diferentes. Mas te confesso que não assisto a muitos jogos. Quando não estou trabalhando, vejo muito pouco futebol, quase não assisto. Quando é dia de trabalhar, vejo os gols da rodada e me preparo, mas não fico vendo futebol nos outros dias.

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UOL: Até quando pensa em trabalhar na TV? Gostaria de fazer outra coisa?
Casagrande: Eu gosto de trabalhar em rádio. Gosto muito de música. Já fui produtor do Raul Seixas por um ano, produzi Nando Reis, Kiko Zambianchi… Tendo essa paixão pela música, talvez faça algo com isso, quem sabe ter um programa… Mas acho que vou comentar por muito tempo ainda.

UOL: Ainda gosta de jogar futebol?
Casagrande: Não, não… Não jogo bola há anos! Tenho um problema sério no joelho… Meu, se eu jogar uma pelada, nem que seja só um pouquinho, tenho que tomar injeção de anti-inflamatório, fazer gelo… Não tenho mais saco pra isso…

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