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Sérgio Maurício revela "dura" da mulher ao inventar bordão e lembra drama pessoal

UOL Esporte

15/04/2013 06h00

Sérgio Maurício com Sarah Manezes após ouro da atleta em Londres

Um dos pioneiros do canal Sportv logo no surgimento, no começo da década de 90, o narrador Sérgio Maurício, 50 anos, ganhou destaque com um estilo divertido e por criar bordões nas transmissões que passaram a ser marca da emissora carioca, como "E aí, ta ligado?" e "No Capricho".

Ele afirma que inventar expressões que identificam o narrador com o público é uma maneira de deixar uma marca registrada e também fazer com que as transmissões  tenham um tom leve e agradável. Procura sempre inserir fatos da sociedade, mesmo que fora do esporte, para que o momento de lazer do telespectator seja algo confortável.

"Sempre fui observador, sempre gostei de ver novela. Procuro tentar encaixar um bordão de novela ou música, rip, de funk, samba, e colocar isso na transmissão. Isso aproxima o contato. O camarada pensa naquilo e vê que o locutor coloca o que ele acompanha dentro daquele momento de relaxar", falou.

"Sou pessoalmente um cara que está sempre sacaneando os outros, no bom sentido. Pego no pé da minha esposa, filha, genro .Gosto de brincadeiras. Digo sempre que vim ao mundo a passeio e não a negócios. E acho que esporte é momento de entretenimento", falou. "Você está está invadindo o momento de um cara que está relaxadão pra ver aquele jogo. Não pode chegar de uma forma dura, formal. Se não você não consegue deixar a pessoa relaxada pra ver esporte. Acho um ótimo formato [fazer brincadeiras e analogias]".

Um de seus bordões chegou até a criar uma saia-justa com sua mulher, Rosane,  que atua quase que como "ombudsman" do jornalista. Sérgio conta que quando pensou em falar no ar pela primeira vez o "E aí, ta ligado?" foi aconselhado pela mulher para que não fizesse pelo receio de que o bordão não fosse bem digerido pelos chefes.

"Uma época começou no Rio uma gíria de ´ta ligado?´e eu pensava que tinha que dar um jeito de colocar isso [na transmissão]. Aí falei pra minha mulher que iria lançar a frase. Ela falou pra eu não fazer de jeito nenhum, pois poderia ser pentelhado pelos chefes. Isso é porque o ´tá ligado?´era uma gíria de malandro, até um pouco de gíria de cadeia", lembra.

A pressão da mulher, no entanto, não adiantou. Eis que em uma transmissão de um jogo de vôlei, na hora de chamar o intervalo, Sérgio tomou coragem e falou a expressão. "Acabou o primeiro set e falei ´voltamos daqui a pouquinho, Sportv, o canal campeão, e aí, ta ligado?´". Depois era só aguardar a reação do "ombudsman" de casa e dos chefes.

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"Quando cheguei em casa, minha mulher estava desperada e falou várias.  Falou que depois dessa iam me mandar embora e tudo mais. Mas eu acho que na vida você tem que arriscar. Você aprende e vive a partir do erro, tem que tentar. Eu sempre quis colocar esse bordão. Mas minha mulher é parceira, ela é como minha ombudsman. Tenho confiança e sei que ela quer meu bem. Tudo que eu faço quero ouvir a opinião dela e reflito", contou.

Para  o alívio de Rosane, e do próprio Sérgio o bordão caiu muito bem na empresa e é utilizado até hoje não só pelo narrador mas como pelo próprio canal em várias oportunidades. "Depois de alguns dias encontrei meu chefe. Ele olhou pra mim e falou: ´e aí, ta ligado?´. Depois dessa pensei ´deu tudo certo´. E o bordão marcou. Foi muito legal."

Sérgio Maurício faz também participações na TV Globo e faz transmissões dos mais variados esportes, com destaque para o futebol, vôlei, MMA e automobilismo.  "Eu gosto de todos, de qualquer coisa. Não faço distinção. O UFC, F-1, vôlei e futebol são as quatro paixões. Quando sou escalado pra esses, sempre fico feliz. Adoro fazer. Mas gosto de todos os esportes e de qualquer coisa. A cada evento que faço, vou para realizar da melhor maneira possível."

Sérgio Maurício com Minotauro em transmisssão do UFC

Drama pessoal

Sérgio Maurício viveu um drama pessoal em 2008, momentos antes de sua participação nos Jogos Olímpicos de Pequim. Teve uma perfuração no intestino e ficou no leito de um hospital entre a vida e a morte.

Quatro anos depois, se emocionou muito ao narrar a medalha de ouro de Sarah Menezes e de bronze de Felipe Kitadai no judô, logo no primeiro dia de disputa dos Jogos de Londres. Chorou durante a transmissão e até colocou pra fora sua emoção nas redes sociais.

"Há quatro anos atrás, nessa mesma época, eu estava internado no Copa D'Or entre a vida e a morte, mas o cara lá em cima achou que eu ainda tinha umas pendências aqui. Ainda bem", publicou no Facebook no dia da medalha.

Ao relembrar as transmissões mais emocionantes de sua carreira, o narrador colocou a medalha de Sarah entre elas por simbolizar uma volta por cima depois de um momento muito delicado. "Eu estava bem doente em Londres, tive uma virose e estava à base de remédios. Foi na raça. E em 2008 eu tive um problema de saúde que quase morri. Tudo veio de uma vez na minha cabeça, foi como um filme", lembrou.

"Tive uma perfuração no intestino e fiquei três dias na UTI e 16 internado. Meu intestino rompeu e tive uma infecção generalizada. Aí 2012 foi uma voltar por cima. Chegar e narrar duas medalhas no primeiro dia, sendo uma de ouro", lembrou.

JOSÉ RICARDO LEITE
Do UOL, em São Paulo

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