Em noite de Romarinho, Globo "demoniza" Boca e trata Corinthians como “Brasil na Libertadores"
Mocinho x bandido. Quem assistiu à transmissão da Globo do primeiro jogo da final da Libertadores ficou com a impressão de um duelo entre o bem contra o mal. A palavra "guerra" foi usada algumas vezes, sempre tendo os argentinos como vilões. No filme da decisão, Corinthians, o "Brasil" no torneio, representou o lado do bem, enquanto o Boca Juniors fez o papel do "lado negro". Toda guerra tem um herói, e o destaque do empate por 1 a 1, como não podia deixar de ser, foi Romarinho.
A transmissão de qualquer jogo de um time brasileiro contra um rival internacional tende, com razão, para o lado nacional. Mas, em Boca x Corinthians, o tom beirou a agressividade, com os adversários argentinos se tornando, desnecessariamente, "inimigos".
Especialmente no primeiro tempo, Cléber Machado, Casagrande, Caio Ribeiro e Arnaldo Cézar Coelho, presentes na Argentina, fizeram uma espécie de "demonização" do Boca: uma equipe cheia de catimba, que reclama e faz pressão na arbitragem, bate e provoca os brasileiros. Tudo, quase sempre, feito de forma orquestrada.
Adjetivos, só para os alvinegros. A frase "o Corinthians é Brasil na Libertadores" não foi usada, mas ficou no ar. O telespectador, torcendo a favor ou contra o time de Tite, foi tratado como corintiano. Casagrande até chegou a falar "a gente" em algumas oportunidades. Outro exemplo? "Não fique nervoso, o juiz já parou o jogo", disse Cléber, quando a bola entrou no gol corintiano depois que a partida já estava paralisada.
Guerra
"Se entrar na pilha de uma guerra, os argentinos são muito melhores que a gente nessa situação", afirmou Casagrande. A palavra "guerra" foi citada mais de uma vez pelo comentarista, enquanto o Corinthians parecia estar em "missão de paz". "Toda vez que você está em desvantagem, eles começam a provocar. Muitas vezes é feito de cabeça pensada", completou Caio.
Pressão
Para Cléber, os argentinos queriam arrumar tirar os brasileiros do sério. "O Erviti está discutindo com o Emerson, está a fim de confusão", disse. O narrador ainda reclamou da pressão do Boca sobre o árbitro chileno Enrique Osses. "Agora, ele deu cartão amarelo para o Riquelme, que está apitando o jogo", reclamou.
La Bombonera?
Até a pressão do estádio La Bombonera, algo histórico especialmente pela barulhenta torcida, foi minimizada. "É um jogo igual. Em uma partida como essa, não faz diferença jogar em casa ou não", afirmou Caio.
Herói
Toda guerra tem um herói. Na batalha de La Bombonera, foi Romarinho. Casagrande já havia pedido a entrada do jogador. Autor do gol salvador, ganhou elogios dos globais. Aí, sim, deu para dizer que as palavras foram mais do que merecidas.
Final, parte 1
"O sonho do Corinthians continua vivo". Foi assim que Cléber terminou a semifinal contra o Santos, foi assim que a Globo abriu a transmissão de Boca x Corinthians. Fatalmente, será assim que começará o duelo no Pacaembu. Com heróis e festa, como deve ser, mas sem guerra, anjos e demônios.
Ricardo Zanei
Do UOL, em São Paulo
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