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Com pouco acesso, concorrentes da Record apostam em ônibus e coleguismo para cobrir Jogos de Londres

UOL Esporte

06/06/2012 12h23

A 51 dias dos Jogos Olímpicos de Londres, as emissoras de TV que vão transmitir o evento estão tendo trabalho para acertar os detalhes da cobertura. Com poucas credenciais distribuídas pela Record, dona dos direitos, os canais vão usar até ônibus e quartel-general de emissoras parceiras na capital inglesa. A Record defende a política adotada e não perde a chance de alfinetar a rival Globo.

ESPN Brasil, Sportv e Bandsports também exibirão a competição na TV fechada, mas terão de se virar com apenas 80 credenciais. Record e Record News, juntas, colocarão mais de 300 pessoas em Londres, ocupando a maior parte do espaço destinado aos brasileiros no centro de mídia (750m²).

Com isso, conseguirá exibir até seus principais telejornais da capital inglesa. A promessa é de que grande parte da grade de programação da TV aberta fique voltada para os Jogos Olímpicos. "Depois de muitos anos o telespectador brasileiro terá a oportunidade de ver a disputa dos Jogos Olímpicos em uma emissora que se preocupa com o desenvolvimento do esporte no Brasil", disse Douglas Tavolaro, vice-presidente de jornalismo da Record, fazendo alusão clara à Globo, que até 2012 era a detentora dos direitos de transmissão dos Jogos.

O dirigente também defende a política da Record. "Não existem motivos para reclamações. Agimos exatamente como acontece em situações semelhantes. Na Copa do Mundo da África [cujos direitos eram da Globo] também gostaríamos de receber mais credenciais. Não recebemos, mas em nenhum momento deixamos falar do evento em nossa programação", completou Douglas.

A política fez com que as emissoras tivessem de "se virar". O Bandsports, por exemplo, vai apostar em um ônibus de dois andares que servirá de estúdio móvel pela cidade. "Cada dia ele vai estar em um ponto turístico de Londres. É uma cobertura inusitada. Nunca aconteceu. É a primeira vez que temos tão poucas credenciais. Essa situação nos obrigou a repensar a cobertura. A ideia do ônibus surgiu da necessidade de ir além do óbvio", disse Eduardo Ramos, diretor-geral do canal.

O Bandsports sequer vai usar o espaço a que tem direito no centro de mídia. Na prática, o local servirá apenas para o acerto de questões técnicas, já que as credenciais disponíveis serão usadas por narradores e comentaristas, que trabalharão diretamente do estádio.

Já a ESPN Brasil adotou uma estratégia diferente. A emissora vai trabalhar em parceria com a ESPN norte-americana, que terá um estúdio próximo do estádio Olímpico de Londres. De lá, narradores e comentaristas farão a transmissão de alguns eventos, já que nem todas as provas poderão ser acompanhadas direto dos locais de prova.

"A gente já tem muita experiência. Cobrimos tendo ou não os direitos. Realmente, não é o ideal. Estar in loco é outro calor, mas a gente está se preparando para narrar daqui e até termos mais de um comentarista. A gente até ganha em agilidade técnica para aproveitar melhor", explicou Renata Netto, chefe de redação da emissora, que vai enviar os narradores João Palomino, Everaldo Marques, Rogério Vaughan e Dudu Monsanto para Londres.

O Sportv prefere não divulgar detalhes como o número de enviados a Londres, mas promete uma transmissão de peso. Segundo Pedro Garcia, diretor de negócios do canal, serão 1600 horas de transmissão em quatro canais HD. O canal de TV fechada é a grande aposta da Globo, que não terá os direitos de transmissão e deve sofrer com a concorrência no período.

Segundo a Central Globo de Comunicação, os Jogos Olímpicos serão tratados normalmente pela TV aberta em seus telejornais, "respeitando os limites contratuais que nos são impostos". No último fim de semana, no entanto, o tema passou em branco durante o amistoso entre Brasil e México, em que Mano Menezes preparava sua seleção justamente para os Jogos Olímpicos. Durante todo o jogo, Galvão Bueno não mencionou em nenhum momento a palavra "Olimpíada", como mostrou o blog UOL Esporte Vê TV (leia mais aqui).

Reportagem: Gustavo Franceschini

Crédito da foto: Edu Moraes/Record

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